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OPINIÃO

Trevisan: "Governo Bolsonaro se tornou tóxico. Quem entra perde prestígio"

Do UOL, em São Paulo

29/05/2020 04h00

Com as pesquisas mais recentes apontando para uma queda na aprovação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a popularidade de ministros também foi afetada, como a de Paulo Guedes (Economia) e mesmo a do ex-ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública). No podcast Baixo Clero #41, a jornalista Maria Carolina Trevisan analisa a forma como a aproximação ao governo pode causar a perda de prestígio.

Trevisan cita o procurador-geral da República, Augusto Aras, que considera transferir ao Congresso a análise da denúncia de um possível crime de responsabilidade do presidente.

"Seria uma maneira de o Aras não se comprometer por ter que fazer algo que desagrade Jair Bolsonaro, porque o presidente da República vai indicar alguém para o Supremo em breve, quando o ministro Celso de Mello sair. Então, tem esse ponto de o Aras não querer se comprometer com o presidente", afirma Trevisan (disponível no arquivo acima a partir de 34:19).

Na opinião da jornalista, há um risco de a base de apoio de Bolsonaro no Congresso não ser do tamanho que ele avalia, após a negociação de cargos com partidos do chamado "centrão". Esse cenário poderia ser um risco para o presidente, no caso de a denúncia realmente ser transferida para a análise dos parlamentares.

"Está muito claro e cada vez mais evidente que o governo Bolsonaro se tornou um governo tóxico. Todo mundo que entra para esse governo perde prestígio. Braga Neto, por exemplo, Paulo Guedes, o próprio Moro, então pouca gente quer chegar perto desse governo. E me parece que o Bolsonaro tem até o momento o 'centrinho', ele não tem o 'centrão' ainda para defendê-lo. Ele não tem essa base tão firme, está montando essa base", completa.

Diogo Schelp pondera que o apoio do "centrão" a Bolsonaro pode ser custoso ao presidente em relação às eleições de 2022.

"Se ele conseguir o apoio do 'centrão', uma hora a conta chega, porque o 'centrão' é ávido por recursos. E aí, até 2022, será que não vamos ter escândalos de corrupção pipocando nesse governo, justamente aquilo que o Bolsonaro disse que veio para combater? Tanta gritaria em torno de aliança com o 'centrão' tem uma razão de ser. E essa razão de ser pode cobrar a sua conta mais para frente", comentou.

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