Confrontos entre atos pró e contra o governo marcam domingo tenso no país
Os confrontos entre apoiadores de Jair Bolsonaro (sem partido) e manifestantes contrários ao presidente na avenida Paulista e no bairro carioca de Copacabana, com a intervenção direta da Polícia Militar, marcaram o acirramento da polarização política e o aumento da hostilidade entre os dois grupos. Tudo isso em meio às medidas de isolamento social para tentar conter o avanço da covid-19, num momento em que o Brasil torna-se o quarto do mundo com maior número de mortos pela doença.
Bolsonaro, por sua vez, participou em Brasília de um ato contra o STF e a favor da intervenção militar. O presidente repetiu neste fim de semana a rotina de quebra das regras de isolamento, transitando entre apoiadores sem usar máscara, gerando aglomerações em locais públicos e pegando crianças no colo para fotos. Esteve até em um churrasco, no sábado.
O presidente usou as redes sociais para disparar críticas ao STF e à imprensa. Neste domingo, republicou, em sua conta no Twitter, uma postagem do presidente americano, Donald Trump, na qual afirma que os EUA vão passar a considerar grupos antifascismo como "organização terrorista". Grupos que se intitulam antifascistas têm organizado manifestações a favor da democracia e contra a postura autoritária do presidente.
Confrontos no Rio
Pela manhã, no bairro de Copacabana, no mesmo local onde estava sendo realizado um ato pró-governo e de crítica ao STF (Supremo Tribunal Federal), um grupo de torcedores que se autodenomina antifascista apareceu para gritar palavras de ordem contra Bolsonaro e acabou reprimido por policiais, que usaram bombas de gás. Um deles foi detido pela Polícia Militar, e a manifestação antifascista se dispersou.
O Rio foi palco, ainda, de outra manifestação contra a violência policial, em frente ao Palácio Guanabara, sede oficial do governo estadual, nesta tarde. Pelo menos um manifestante foi preso por policiais militares, que jogou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar as pessoas, ao fim do protesto.
O ato relembra adolescentes e crianças negras que foram assassinadas durante operações da Polícia Militar em comunidades cariocas, a exemplo do garoto João Pedro, 14, e se inspira na série de protestos nos Estados Unidos após a morte de George Floyd, um homem negro de 46 anos que morreu após uma ação policial na segunda-feira (25), em Minneapolis.
Clima de guerra na Paulista
Na avenida Paulista, em São Paulo, apoiadores do presidente entraram em confronto com a Polícia Militar e com participantes de um ato organizado por torcidas organizadas de futebol, entre elas a do Corinthians e a do Palmeiras, que criticavam Bolsonaro e pediam a defesa da democracia.
Foram dois momentos de confusão, com os policiais lançando bombas de gás e fazendo uso de spray de pimenta para conter apenas o lado dos torcedores. O tumulto durou cerca de três horas e deixou ao menos um ferido.
O secretário-executivo da Polícia Militar de São Paulo, coronel Álvaro Batista Camilo, afirmou que a medida foi tomada para "garantir a ordem". Ele afirmou que um aparecimento de uma bandeira nazista foi o estopim para o começo do confronto. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB-SP), disse que a PM agiu para manter a integridade física de manifestantes "dos dois lados".
Por conta da confusão, a estação de metrô Trianon/Masp, da linha 2-Verde, chegou a ser fechada por volta das 15h30, e duas das entradas de acesso à estação Consolação também foram bloqueadas. A situação foi normalizada.
Atos em Brasília
Na noite de ontem, o grupo bolsonarista autodenominado "300 do Brasil" fez um ato, na capital federal, contra o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre Moraes. Participantes carregaram tochas e alguns usavam máscaras que cobriam todo o rosto.
No último mês, manifestações em apoio ao presidente foram frequentes em Brasília e, neste domingo, a manifestação foi contra o Supremo Tribunal Federal (STF). Manifestantes exibiam faixas como "Abaixo a ditadura do STF".
Na quarta-feira, o STF ordenou cerca de trinta buscas nas residências e escritórios de aliados de Bolsonaro, sob suspeita de que constituíssem uma rede para a disseminação de informações falsas e difamatórias de oponentes e juízes da mais alta corte.
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