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Kassab diz que teria demitido ministros após ataques em reunião ministerial

Do UOL, em São Paulo

09/06/2020 14h23

O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, repercutiu no UOL Entrevista de hoje o vídeo da reunião ministerial de abril, citada pelo ex-ministro Sergio Moro como prova de que Jair Bolsonaro teria interferido na Polícia Federal.

O que chocou o ex-prefeito de São Paulo não foi a maneira de Bolsonaro se expressar, mas algumas falas ofensivas de ministros do governo. Kassab disse que a atitude dele seria radical caso estivesse ocupando o cargo de presidente.

"O estilo do presidente é aquele. Não me surpreende. Me surpreende a manifestação dos ministros. Se eu fosse presidente, governador ou prefeito, e alguém se manifestasse daquele jeito, eu punha da sala para fora e estava demitido no Diário Oficial no mesmo dia", afirmou.

Kassab preferiu não considerar que houve, de fato, tentativa de interferência de Bolsonaro durante a reunião.

"Em relação à ação do presidente quanto à PF, tenho dificuldade de me manifestar, mas volto a dizer que ele foi eleito, então tenho dificuldade de entender um pouco aquelas acusações do Moro."

Quatro grandes crises

Para Kassab, um novo impeachment, após o processo contra a presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016, poderia desgastar a democracia no Brasil — justamente em um momento no qual o país passa por tantas crises.

"Eu tenho dito sempre que nós convivemos no Brasil com quatro grandes crises. A mais grave é a da saúde — afinal de contas, se todos nós que somos seres humanos nos preocupamos com uma vida, imagina os 40 mil mortos (da pandemia do novo coronavírus) e a triste expectativa de fechar julho com 100 mil mortos. É uma tragédia e não há nada pior que isso. Não vamos viver algo tão triste", iniciou.

"A segunda crise, consequência desta, é a economia. É mais uma crise universal, que todos os países estão passando. Alguns vão ser mais ou menos rápidos", acrescentou.

"A terceira é a política, por conta das mudanças, de equívocos. E a quarta crise é uma crise por etapas. É quase uma crise por dia que o próprio presidente que provoca. Ontem, o ministro (do STF, Dias) Toffoli foi muito feliz no discurso, como autoridade do STF e, com o devido respeito, fez colocações que, quando assisti parte do discurso, fiz questão de assistir tudo e foi primoroso. Eu assino embaixo todas as suas observações em relação a grande preocupação do presidente com sua postura, e o Toffoli fala com propriedade", completou.

Sobre um possível impeachment, Kassab deixou claro: no momento, é contra. "Tenho esperança de que isso não aconteça. Daqui a pouco, o Brasil não vai mais respeitar o voto. Como brasileiro, tenho esperança e trabalho para que isso não aconteça. No que pudermos ajudar para o Governo entender que é preciso mudar, conte comigo."

*Participaram dessa cobertura Bruno Madrid, Emanuel Colombari, Flávio Costa e Talyta Vespa (redação) e Diego Henrique de Carvalho (produção)