Haddad defende PT e cita Temer, FHC e familiares de Bolsonaro
Fernando Haddad, candidato do PT nas eleições presidenciais de 2018, afirmou que, quando se fala do partido, "parece haver desejo de não ver a centro-esquerda representada" e "criminalizar toda a legenda". O ex-prefeito havia sido questionado se Jair Bolsonaro (sem partido) foi eleito por temor ao PT, em participação na edição de hoje do programa UOL Entrevista, conduzida por Constança Rezende e Diogo Schelp.
Haddad argumentou que o governo Michel Temer (MDB) "entrou em colapso" após o vazamento do áudio de uma reunião entre o ex-presidente e o empresário Joesley Batista, em maio de 2017. Na gravação, ele sugeriu que comprava o silêncio do ex-deputado federal Eduardo Cunha (MDB-RJ). A divulgação do encontro resultou em uma denúncia contra Temer de crime de obstrução de justiça. Na entrevista hoje, o petista também citou ações envolvendo políticos do PSDB e problemas na Justiça de familiares de Bolsonaro para defender ao PT.
"Quando se fala do PT, o assunto parece que muda de figura. O desejo que parece que está por trás das perguntas é sempre criminalizar toda a legenda, como se isso fosse justo e como se escondesse o desejo talvez antigo da sociedade brasileira de não ver a centro-esquerda representada com capacidade competitiva. A impressão que dá: eu nunca vejo uma cobertura sobre tudo o que aconteceu no país em relação ao PSL, PMDB", disse.
"Vamos fazer a separação do joio e do trigo corretamente. Quem honrou os mandatos e as histórias, quem foram coerentes e quais foram as pessoas que merecem uma punição. Eu vejo na maneira de abordar o tema uma intenção sempre escondida em relação ao PT. Nunca vi ninguém perguntar pro FHC sobre os cinco governadores acusados de corrupção do seu partido. Dá a impressão de que a abordagem quando se trata de centro-esquerda não é a mesma. É uma coisa que envolve todo mundo."
Haddad ainda falou que a Justiça tem de ser isenta. "Eu rejeito esse tipo de coisa. Tenho minha história e reputação e não vou entrar nessa. Não sou assim nem com meus adversários. Para isso, tem Justiça, e ela tem que ser isenta, sem se prestar a fazer política. Para isso, tem recursos, para os recursos corrigirem injustiças, e, enquanto houver recursos, acreditaremos que a justiça será feita. Mesmo assim, a gente vê que não é feita. Temos que ter cuidado com a reputação das pessoas e, sobretudo, com a reputação de organizações que não chegaram hoje. Têm anos e anos de serviços prestados ao país", finalizou.
*Participaram da produção deste texto Diego Henrique de Carvalho, Gabriela Sá Pessoa, Emanuel Colombari, Gustavo Setti e Bruno Madrid
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