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Sem Freixo, PSOL vive impasse e cogita candidato veterano no Rio

O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) - Ricardo Borges/UOL
O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) Imagem: Ricardo Borges/UOL

Gabriel Sabóia

Do UOL, no Rio

12/06/2020 04h00

Depois da desistência do deputado federal Marcelo Freixo de se candidatar à Prefeitura do Rio de Janeiro nas eleições deste ano, o PSOL tenta encontrar um novo nome para concorrer à chefia do Executivo municipal em meio a disputas ideológicas de diferentes correntes do partido.

Como pano de fundo da escolha do novo nome, está a resistência de quadros da sigla em relação a uma possível aliança com o PT e outros partidos de esquerda, defendida por Freixo. A deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), que já havia aceito ser vice na chapa de Freixo, teve sua pré-candidatura lançada pelo PT na semana passada —se vingar, será mais um obstáculo à ideia de união das legendas de esquerda no Rio.

Enquanto integrantes do PSOL divergem em relação a coligações e sobre a possível criação de uma "frente partidária contra o fascismo", o nome do ex-deputado federal Chico Alencar (PSOL) ganha força nos bastidores para concorrer ao cargo.

Mas, assim como Freixo, o político —sem cargo após não conseguir uma vaga ao Senado em 2018 e com planos de se dedicar a um doutorado— também defende a união de partidos da esquerdas em uma única candidatura no Rio.

"Uma pessoa da direção do partido veio sondar. Perguntei a essa pessoa: 'Logo eu? Não tem outros nomes? [risos]'. Eu quero colaborar para a melhor solução. Não estou me colocando como candidato desde já, mas admito discutir. Essa decisão não é tomada sozinho", resume Alencar.

Oposição a aliança com PT no Rio

Um dos principais oponentes de Freixo no objetivo de arregimentar uma coligação de partidos de esquerda, o vereador Renato Cinco diz que pretende manter sua pré-candidatura, caso outro nome proponha uma aliança com o PT.

Em novembro passado, Freixo e Lula se reuniram para discutir aliança no Rio  - Ricardo Stuckert, Instituto Lula - Ricardo Stuckert, Instituto Lula
Em novembro passado, Freixo e Lula se reuniram para discutir aliança no Rio
Imagem: Ricardo Stuckert, Instituto Lula

"Eu coloco o meu nome por discordar dessa política de alianças proposta. Eu não pretendo retirar a minha pré-candidatura em função de nenhum nome que mantenha o objetivo de construir uma aliança com o PT, por exemplo. A minha reivindicação não é em relação a mim, mas sim em relação ao partido", defende ele, que diz não ter pressa para tomar uma decisão final.

"Ainda não temos prévias marcadas, ainda temos algumas indecisões de prazos, o que me permite pensar bastante", completa.

Chapa puro-sangue com herdeira de Marielle

Aos 70 anos e depois de concorrer duas vezes à Prefeitura do Rio (1996 e 2008), Chico Alencar possui os atributos necessários para encabeçar uma chapa na opinião de integrantes do PSOL ouvidos pela reportagem —histórico de lutas ligadas às bandeiras de esquerda, um nome conhecido do eleitorado carioca e afinidade com os ideais de Freixo.

O ex-deputado federal Chico Alencar (PSOL) - Antonio Augusto/Câmara dos Deputados - Antonio Augusto/Câmara dos Deputados
O ex-deputado federal Chico Alencar (PSOL)
Imagem: Antonio Augusto/Câmara dos Deputados

"É importante pensarmos que será uma eleição diferente: quem vencer essa disputa encontrará um Rio de Janeiro pós-pandemia, com uma ameaça à democracia em curso. O pano de fundo será terrível. Qualquer coligação tem de ter isso em mente, a necessidade de reconstrução", afirma.

Em outro cenário, Chico poderia compor uma chapa "puro-sangue", com outro membro do PSOL como vice —uma mulher seria escolhida para fazer essa "dobradinha". As deputadas estaduais Mônica Francisco e Renata Souza têm sido cotadas para a vaga.

Outro nome que chegou a ser cogitado para a disputa, o vereador Tarcísio Motta descarta uma candidatura à prefeitura. "Serei candidato a vereador. Essa não é uma posição que está em discussão. É uma decisão", afirma.

Visto como um "puxador de votos" para a legenda, Tarcísio, que concorreu ao governo do Rio em 2018, tem um mandato bem avaliado e, em caso de derrota para a prefeitura, ficaria sem cargo. Por isso, a sua candidatura à Câmara é encarada como fundamental para os planos do partido.