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Cresce rejeição de brasileiros à ideia de um golpe militar, aponta pesquisa

Estátua simbolizando a Justiça em frente à sede do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília - Bruno Stuckert/Folhapress
Estátua simbolizando a Justiça em frente à sede do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília Imagem: Bruno Stuckert/Folhapress

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

15/06/2020 16h00

Em meio à crise política e de saúde do Brasil, por conta dos atritos do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) com o Judiciário e da pandemia do coronavírus, uma pesquisa realizada pelo Instituto da Democracia aponta que aumentou a rejeição dos brasileiros à ideia de um golpe militar e também mostrou tendência de aumento na confiança do Congresso e do Exército.

Formado por grupos de pesquisas de quatro instituições principais: UFMG, Iesp/Uerj, Unicamp e UnB - além de USP, UFPR, UFPE, Unama e IPEA e as estrangeiras (CES/UC e UBA) -, o Instituto da Democracia ouviu mil pessoas por telefone, entre 30 de maio e 5 de junho. A margem de erro é de 3,1 pontos.

As informações da terceira rodada anual da pesquisa, noticiados pelo Valor Econômico e também apresentados ao UOL. Nela, foram feitas perguntas para entender se um golpe militar seria "justificável" em caso de aumento na criminalidade, na corrupção ou no desemprego.

No caso da criminalidade, um dos temas que Bolsonaro usou na candidatura à presidência, o índice de pessoas contrárias a um golpe de estado pelo aumento da violência aumentou de 2018 a 2020: de 41,2% há dois anos a 55,8% em 2019, chegando agora a 69,6%. O índice de quem apoiaria um golpe militar neste caso caiu de 53,3% em 2018 a 25,3% em 2020.

Já questionados sobre golpe em caso de aumento na corrupção, os números contra uma intervenção militar cresceram de 46,4% (2018) a 56,6% (2019), chegando 65,2%. Já alto, o índice referente ao desemprego variou na margem de erro no último ano: 67,5% (2018), 78,2% (2019) e 79,2% (2020).

Na questão sobre ser justificável o fechamento do Congresso por parte do presidente "quando o país está enfrentando dificuldades", 78% dos ouvidos disseram que são contra, diante de 71,4% em 2019. Os que apoiariam esta atitude caíram de 21,3% em 2019 a 17,3% em 2020.

Insatisfação com a democracia cresce

Apesar da contrariedade com um golpe militar aumentar, a pesquisa também pergunta o nível de satisfação com a democracia. E, neste caso, a insatisfação aumentou.

Em 2020, 17,4% dos entrevistados se declarou satisfeito com a democracia brasileira, contra 31% em 2019. Os insatisfeitos foram de 52,4% a 54,9% e os muito insatisfeitos, de 12,9% a 25%.

Congresso, Exército e Judiciário

O índice de pessoas que não confia no Congresso caiu de 50,2% em 2019 a 37,3% em 2020. Quanto ao Exército, houve queda no índice de quem não confia na instituição, de 23,5% em 2019 a 16,1% em 2020.

Já o Judiciário viu crescerem a quantidade de respostas entre os que confiam muito e confiam mais ou menos: de 8,3% (2019) a 13,6% (2020) e de 28% a 39,4%, respectivamente. Os que não confiam caíram de 38,2% a 21%.

Questionados se concordam com o Supremo Tribunal Federal (STF) tomar decisões que põem limites à atuação do governo federal, concordaram 58%, discordaram 29,4% e 5,8% não concordam nem discordam.

Pandemia

A pesquisa também fez perguntas relacionadas à pandemia do coronavírus. Questionados se governadores e prefeitos devem ter autonomia para tomar medidas no enfrentamento ao novo corona vírus, 67,7% concordaram e 19,5% disseram que isso deveria ser atribuição do governo federal (9,9% responderam que "depende").

Sobre a atuação do governo federal na pandemia, questionados se Bolsonaro "deu pouca importância ao impacto do novo coronavírus", 55,4% concordaram muito com a afirmação, 14,59% concordaram pouco, 10,84% discordaram pouco, 10,84% discordaram muito e 8,31% nem concordaram nem discordaram.

49,6% dos ouvidos afirmaram que tem saído de casa, tomando cuidados, mesmo com medidas de quarentena adotados pelo país. 37,4% disseram só sair de casa quando é inevitável. 9,3% afirmaram estar totalmente isolados. E 3,7% não mudaram sua rotina.