Advogado de Flávio Bolsonaro na campanha de 2018 é um dos alvos de operação
Um dos alvos da Operação Anjo, que prendeu o ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz, é o advogado Luis Gustavo Botto Maia. Ele foi o responsável pela representação jurídica da campanha do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) junto à Justiça Eleitoral em 2018.
Segundo registros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Botto Maia foi o responsável pela prestação de contas de Flávio Bolsonaro na última eleição e também pelo registro da candidatura do filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro.
De acordo com o MP-RJ (Ministério Público do Rio), Botto Maia foi alvo de medidas cautelares, entre elas, um mandado de busca e apreensão. A promotoria investiga rachadinha no gabinete de Flávio na Alerj —a prática envolve o repasse por funcionários de parte de seus salários ao então deputado estadual. Queiroz é apontado como operador do esquema. Ele nega.
Botto Maia manteve-se ligado ao grupo político da família Bolsonaro depois da eleição de 2018. Entre 2019 e 2020, ele ocupou uma série de cargos comissionados na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio). Esteve lotado na liderança do PSL —até então partido de Flávio Bolsonaro e também no gabinete do deputado estadual bolsonarista Renato Zaca (sem partido).
A aproximação com o núcleo bolsonarista também pode ser vista nas redes sociais do advogado. Registros mostram que ele compareceu em atos contra o Congresso e o STF (Supremo Tribunal Federal) em 2019, na praia de Copacabana.
O UOL procurou Botto Maia por telefone e e-mail. Ele ainda não respondeu.
Irmão de líder grevista no Corpo de Bombeiros
Após a campanha de 2018, Botto Maia foi agraciado com uma homenagem do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, corporação na qual a família Bolsonaro tem entrada há mais de dez anos. Ele recebeu no fim de novembro a medalha Mérito Avante Bombeiro.
A relação com o Corpo de Bombeiros foi o que aproximou Flávio Bolsonaro da família de Botto Maia. Então deputado estadual, o filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro foi um dos principais apoiadores no meio político da greve dos bombeiros do Rio, em 2011.
Na ocasião, um dos principais líderes dos amotinados —que chegaram a ocupar o quartel-general da corporação, no centro do Rio— foi o então capitão Lauro Botto, irmão de Luis Gustavo. O movimento, batizado de SOS Bombeiros, teve grande apoio popular à época e lançou vários de seus líderes na política, entre eles, o ex-deputado federal e candidato à Presidência em 2018 Benevenuto Daciolo.
O apoio de Flávio à greve dos bombeiros foi um passo importante na aproximação da família Bolsonaro com as polícias e os bombeiros do Rio, mais numerosos do que os militares do Exército —até então principal base eleitoral do clã.
Em nota, o MP-RJ informou que contra outros suspeitos obteve na Justiça decretação de medidas cautelares como busca e apreensão, afastamento da função pública, comparecimento mensal em juízo e proibição de contato com testemunhas. Os outros alvos dessas medidas são Matheus Azeredo Coutinho, servidor da Alerj; Luiza Paes Souza, ex-funcionárias de Flávio Bolsonaro na Alerj, e Alessandra Esteve Marins, que atua hoje no gabinete de Flávio no Senado.
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