1 milhão de casos no país: 'Quase 90% não sentem quase nada', diz Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) conversou hoje no final da tarde com apoiadores no Palácio do Alvorada pela primeira vez desde a prisão do ex-assessor Fabrício Queiroz.
Bolsonaro agradeceu ao apoio e ouviu alguns relatos de eleitores sobre a pandemia do coronavírus e como as cidades estão enfrentando a doença. Hoje, o Brasil passou de 1 milhão de casos confirmadas e chegou a quase 49 mil mortes.
Ao ouvir o relato de uma mulher, que disse não ter pego a doença mesmo sendo "cardíaca e tabagista" e tendo "convivido com duas pessoas que estavam com covid-19 sem saber", Bolsonaro disse:
"Você pode até ter pego [coronavírus] e nem sabe. Quase 90% não sentem quase nada. Nem sintoma de gripe tem."
O presidente ainda criticou a política dos governadores sobre isolamento social durante a pandemia, principalmente pelo lado econômico.
"Se dependesse de mim, mas o Supremo [Tribunal Federal, o STF] diz que são os governadores que fazem essa política, eu não teria [falado para] o pessoal parar de trabalhar. E quem tem 40 anos para baixo não tem problema, a chance de ter problema é ínfima."
Para conversar com os apoiadores, Bolsonaro apareceu de máscara, conversou e tirou selfies por aproximadamente 10 minutos. A CNN relatou que o acesso aos jornalistas foi bloqueado e os apoiadores foram levados para longe da imprensa.
Segundo a emissora, cerca de 40 apoiadores gritavam "mito" durante a chegada do chefe do Executivo. Do lado de fora da Alvorada, parados na porta, ficaram alguns carros que não puderam entrar para prestigiar Bolsonaro. O grupo do lado de fora ficou gritando "a nossa bandeira jamais será vermelha".
Pela manhã, o presidente (sem partido) havia ignorado, pelo segundo dia consecutivo, apoiadores que o aguardavam e passou direto pela portaria da residência oficial da chefia do Executivo.
Desde os primeiros meses de governo, em 2019, Bolsonaro criou o hábito de conversar com apoiadores na portaria do Alvorada. Nos últimos dias, ele não tem dado declarações à imprensa pela manhã, mas vinha mantendo a rotina de atender aos questionamentos dos apoiadores.
Ontem, Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), foi preso em Atibaia (SP) numa ação conjunta do MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) e do MP-SP (Ministério Público de São Paulo).
A prisão preventiva — com prazo indeterminado — foi decretada pelo juiz Flávio Itabaiana Nicolau, da 27ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio no inquérito que investiga suposto esquema de "rachadinha", em que servidores da Alerj devolveriam parte de seus salários para Flávio durante seu mandato como deputado. Ele nega irregularidades.
Segundo interlocutores do governo, Bolsonaro se mostrou "revoltado" com a prisão de Queiroz. Em live na noite de ontem, o presidente acusou autoridades de terem feito uma "prisão espetaculosa".
"Não havia nenhum mandado de prisão contra ele [Queiroz]. Foi feita uma prisão espetaculosa. Pareciam que estavam prendendo o maior bandido da face da Terra", reclamou.
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