Família de Queiroz recebia dinheiro de terceiros, indica MP
Resumo da notícia
- De acordo com investigadores, Queiroz tinha padrão de vida "acima de suas posses"
- Mulher de Queiroz, Márcia recebeu R$ 174 mil em dinheiro de origem desconhecida
- Apuração do MP-RJ apontou transferências ligadas à milícia
Investigação do MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) levantou indícios de que a família de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro (Republicanos -RJ) e amigo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), mantinha-se com recursos recebidos de terceiros ainda desconhecidos.
De acordo com investigadores, Queiroz, que é policial militar reformado, tinha um padrão de vida que "parece estar acima de suas posses". Mensagens enviadas por sua mulher, Márcia Oliveira de Aguiar, reforçam "indícios de que a família recebia dinheiro de terceiros para se manter". Márcia, que também teve a prisão decretada pela Justiça do RJ, é considerada foragida.
Documentos apreendidos na casa de Márcia em operações anteriores apontam que ela recebeu R$ 174 mil em dinheiro de uma origem ainda desconhecida. Segundo o MP, ela pagou despesas de um tratamento médico de Queiroz no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, também com dinheiro em espécie.
Todas essas informações foram incluídas na decisão do juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal do Rio de Janeiro. O ex-assessor de Flávio Bolsonaro foi preso ontem, em Atibaia (SP) e se encontra detido em Bangu, na zona oeste carioca.
Ligação com milícia
Apesar de a decisão de Itabaiana reforçar que a origem de todos os valores pagos por terceiros à família de Queiroz ainda é desconhecida, ela cita que apuração do MP-RJ já apontou transferências ligadas à milícia feitas para contas do ex-assessor de Flávio Bolsonaro.
Conforme o UOL revelou hoje, pelo menos R$ 69,5 mil foram depositados nas contas bancárias de Queiroz por restaurantes administrados pelo miliciano Adriano da Nóbrega e seus familiares. O Capitão Adriano foi morto em uma operação policial na Bahia em fevereiro deste ano.
"Há registros bancários de Fabrício José Carlos de Queiroz que indicam que o Restaurante e Pizzaria Rio Cap Ltda (administrado por Raimunda Veras Magalhães, mãe de Adriano) e o Restaurante e Pizzaria Tatyara (administrado por Adriano Magalhães da Nóbrega) transferiram R$ 69,5 mil para sua conta mediante cheque e TED (Transferência Eletrônica Disponível)", diz a decisão sobre a prisão preventiva de Queiroz.
"O Ministério Público estima que Adriano Magalhães da Nóbrega possa ter transferido mais de R$ 400 mil para contas de Fabrício Queiroz", complementa o documento.
A reportagem do UOL procurou a defesa de Fabrício Queiroz e de Márcia Oliveira de Aguiar, que serão atendidos pelo mesmo advogado, sobre as novas revelações da investigação, mas ainda não obteve retorno até o momento.
Quem é Fabrício Queiroz
Queiroz já foi policial militar e é amigo do presidente Bolsonaro desde 1984 e próximo dos filhos do capitão reformado. PM aposentado, ele trabalhou como motorista e assessor de Flávio, então deputado estadual pelo Rio.
Ele passou a ser investigado em 2018 após um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) indicar "movimentação financeira atípica" em sua conta bancária, no valor de R$ 1,2 milhão, entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. Queiroz foi demitido por Flávio pouco antes de o escândalo vir à tona.
O último salário de Queiroz na Alerj foi de R$ 8.517, e ele teria recebido transferências em sua conta de sete servidores que passaram pelo gabinete de Flávio. As movimentações atípicas levaram à abertura de uma investigação pelo MP-RJ.
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