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Revista: Queiroz pagou 21 cheques a Michelle; fato contradiz Bolsonaro

Primeira-dama recebeu R$ 72 mil de Fabrício Queiroz entre 2011 e 2018, segundo relatório do Coaf obtido pela revista Crusoé - TV Brasil/Reprodução
Primeira-dama recebeu R$ 72 mil de Fabrício Queiroz entre 2011 e 2018, segundo relatório do Coaf obtido pela revista Crusoé Imagem: TV Brasil/Reprodução

Do UOL, em São Paulo

07/08/2020 08h13Atualizada em 07/08/2020 14h44

O ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), Fabrício Queiroz, depositou pelo menos 21 cheques para a primeira-dama Michelle Bolsonaro, fato que contraria a versão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), de que Queiroz teria pago um único cheque à sua mulher. Segundo a revista Crusoé, os pagamentos datam desde 2011.

A publicação conseguiu a informação tendo acesso à quebra de sigilo bancário de Queiroz, autorizada pela Justiça na investigação da suposta prática de "rachadinha" no gabinete de Flávio, então deputado estadual pelo Rio. Os extratos detalham as movimentações do ex-assessor para Michelle, que totalizam R$ 72.000 entre 2011 e 2016. Por meio de nota, o Ministério Público do Rio informou que "a primeira-dama não faz parte do escopo das investigações sobre a prática de rachadinha".

Quando a informação de que Queiroz havia depositado um cheque de R$ 24.000 para Michelle veio à tona, ainda no fim de 2018, Bolsonaro deu a justificava de que se tratava do pagamento de um empréstimo que ele tinha feito para o ex-assessor de Flávio, no valor de R$ 40.000.

O depósito do cheque aparece em um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), que listou o pagamento a Michelle entre movimentações atípicas que somam R$ 1,2 milhão na conta de Queiroz. O documento foi anexado pelo MPF (Ministério Público Federal) à investigação que deu origem à Operação Furna da Onça, que chegou a prender dez deputados estaduais da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).

Segundo os extratos de Queiroz, Michelle recebeu três cheques do ex-assessor em 2011, todos no valor de R$ 3.000. No ano seguinte, foram mais seis depósitos na mesma quantia. Já em 2013, foram três cheques no mesmo valor. O ano de 2016 é o que concentra a maior movimentação para a primeira-dama, totalizando R$ 36.000 em nove cheques.

Queiroz movimentou R$ 6,2 milhões

Além de não identificar nenhum pagamento de Bolsonaro a Queiroz, o que poderia comprovar a tese do empréstimo, os extratos do ex-assessor demonstram que ele movimentou em cerca de dez anos um valor muito acima dos seus rendimentos como policial militar e servidor na Alerj. Entre 2007 e 2018, foram registrados créditos de R$ 6,2 milhões na sua conta.

O detalhamento do extrato mostra que, dessa quantia, R$ 1,6 milhão foram identificados como salários da PM (Polícia Militar) e da Alerj. No entanto, R$ 2 milhões são provenientes de 483 depósitos feitos por servidores do gabinete de Flávio, o que pode indicar a prática de "rachadinha". Além disso, mais R$ 900.000 recebidos por Queiroz não foram identificados.

Dinheiro de familiares de miliciano

Os extratos de Queiroz ainda comprovam o recebimento de valores de familiares do miliciano Adriano da Nóbrega, condecorado por Flávio em 2005 e morto em fevereiro deste ano em confronto com policiais na Bahia. O ex-assessor do então deputado recebeu repasses provenientes de contas da mãe, da ex-mulher e de restaurantes ligados ao miliciano.