Após vazamento, Flavio Bolsonaro diz que não fará mais depoimentos em vídeo
A defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) afirmou que o parlamentar, filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro (Sem partido), não permitirá mais que seus depoimentos sejam gravados em vídeo pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro), após áudios da oitiva ocorrida em 7 de julho vazarem.
Neste domingo (9), o jornal "O Globo" revelou que, no depoimento aos promotores do Gaecc (Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção) admitiu ter usado R$ 86,7 mil em dinheiro vivo na compra de 12 salas comerciais em um edifício de alto padrão na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.
A compra dos imóveis foi registrada em cartório em 16 de setembro de 2010, mas o senador afirmou que a compra foi feita, na verdade, em 2008 — O MP-RJ confirmou que Flávio e as corretoras envolvidas no negócio firmaram um instrumento particular de compra e venda em 5 de dezembro de 2008.
Em nota, a defesa de Flávio Bolsonaro afirma ver com "perplexidade" a ocorrência de "vazamento das peças e áudios do procedimento que tramita sob sigilo". Ainda segundo os advogados Rodrigo Roca, Luciana Pires, Juliana Bierrenbach e Renata Azevedo —responsáveis pela defesa do senador— ele não irá mais permitir gravações durante suas manifestações na investigação do Caso Queiroz.
"Em tendo sido provada a ineficiência do sigilo imposto judicialmente à investigação, esclarece a defesa que a partir deste momento não serão mais permitidos os registros audiovisuais do senador durante as suas manifestações procedimentais, além do que ainda esta semana representará aos órgãos de correição do MPF para que apure a falta e o delito, se houver", afirmam.
Em versão anterior do comunicado, enviado ao jornal "O Globo", os advogados mencionam especificamente o vazamento do depoimento de Flávio em 7 de julho.
Em nota, o MP-RJ limitou-se a dizer que "as investigações continuam sob sigilo, razão pela qual o Gaecc/MPRJ não vai se pronunciar".
Jair Bolsonaro e irmão emprestaram dinheiro, diz Flávio
No depoimento, segundo "O Globo", Flávio disse que obteve o dinheiro vivo por meio de empréstimos feitos por seu pai, o presidente Jair Bolsonaro, e por um irmão —sem especificar qual. Também especulou que Jorge Francisco —ex-chefe de gabinete de Jair Bolsonaro e pai de Jorge Oliveira, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência— pode ter ajudado a compor o valor.
"Eu saí pedindo emprestado para o meu irmão, para o meu pai, eles me emprestaram esse dinheiro. Tá tudo declarado no meu imposto de renda, que foi comprado dessa forma. Depois eu fui pagando a eles esses empréstimos. Acho que o Jorge, que era chefe de gabinete do meu pai, também me ajudou", sustentou Flávio, que também disse não se lembrar de que maneira devolveu os valores.
Flávio tem dois irmãos na política: Carlos Bolsonaro já era vereador do Rio de Janeiro na época da compra das salas, enquanto Eduardo Bolsonaro só entrou na vida pública em 2014, quando foi eleito deputado federal. Na ocasião, Eduardo nem sequer havia passado no concurso para o cargo de escrivão da Polícia Federal, o que só viria a ocorrer em 2010. Jair Renan, seu terceiro irmão, era criança em 2008.
A compra das salas comerciais é investigada pelo MP-RJ desde o início de 2019, pela suspeita de que as transações imobiliárias possam ter sido usadas por Flávio para lavagem de dinheiro oriundo do suposto esquema de "rachadinha" em seu gabinete na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio). Em maio de 2019, o UOL mostrou que o senador vendeu as salas menos de dois meses depois de registrar em cartório a aquisição delas.
Documentos dessas salas comerciais obtidos em cartórios do Rio mostram que Flávio obteve lucro de R$ 318 mil na venda de sete dessas salas comerciais. Além dos ganhos com as negociações em pequeno espaço de tempo, os investigadores consideram suspeito o fato de a empresa compradora — a MCA Participações— ter entre seus proprietários a Listel S.A., uma empresa offshore do Panamá, paraíso fiscal frequentemente utilizado por políticos e empresários brasileiros para ocultar dinheiro de origem suspeita.
O MP-RJ sustenta que Flávio Bolsonaro e seu ex-assessor Fabrício Queiroz são os líderes de uma organização criminosa para o desvio de parte dos salários de assessores nomeados na Alerj —vários deles seriam funcionários fantasmas. Flávio e Queiroz sempre negaram as acusações.
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