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Depoimento de F. Bolsonaro tem contradição sobre funcionário, diz jornal

Senador apontou atuação de servidor no seu gabinete que tem conflito de datas - Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
Senador apontou atuação de servidor no seu gabinete que tem conflito de datas Imagem: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

12/08/2020 12h05

O depoimento do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) ao MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) sobre a investigação da suposta prática de "rachadinha" no seu antigo gabinete como deputado estadual indicou uma contradição apontada pelo jornal O Globo. Segundo a publicação, o filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) citou um fato que tem conflito de datas com a realidade.

Em declaração aos promotores do caso, o senador se justificou sobre as atribuições de Wellington Sérvulo Romano da Silva, apontado pela investigação como possível funcionário fantasma do seu gabinete. Para justificar a atuação do servidor, Flávio alegou que Sérvulo ajudou nos trabalhos de uma comissão da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).

A contradição se dá porque a comissão em questão, que tinha como objetivo rever expulsões de policiais militares pela corporação, existiu de 25 de junho a 10 de dezembro de 2009, segundo registros da Alerj. Sérvulo, porém, esteve nomeado no gabinete do então deputado de abril de 2015 a setembro de 2016.

"Teve uma época que fiz uma comissão especial para rever as exclusões na PM, exclusões injustas na Polícia Militar. Ouvimos dezenas de policiais. O Sérvulo trouxe alguns casos para nós", afirmou Flávio em depoimento, colhido pelo MP-RJ em 7 de julho.

"Inclusive, se não me engano, em torno de dez ou 12 (policiais) chegaram a ser integrados por conta desse trabalho que a gente fez na comissão", acrescentou o senador.

Segundo a reportagem, Flávio disse anteriormente no depoimento que uma das funções de seus servidores era apresentar demandas de setores da sociedade, como no caso a Polícia Militar. Na explicação, o senador ainda disse que Sérvulo era próximo de Fabrício Queiroz, ex-assessor do gabinete que é apontado pelo MP-RJ como operador financeiro do esquema de "rachadinha".

"O critério para vir trabalhar no gabinete parlamentar, além do critério técnico e da competência, é o critério da confiança. O Sérvulo sempre foi uma pessoa com uma proximidade do Queiroz, uma pessoa que gosto muito e trabalhava para mim também nesse tipo de (coisa de) trazer demandas de policiais militares para o gabinete", disse Flávio.

O Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), que foi responsável por identificar as primeiras movimentações atípicas que motivaram a investigação, diz em relatório que Sérvulo repassou R$ 1,5 mil a Queiroz em 2016, além de ter movimentado R$ 1,59 milhão de janeiro de 2015 até 2018.