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PSOL diz que apresentará notícia-crime contra Bolsonaro ao STF após ameaça

Presidente Jair Bolsonaro durante pronunciamento no Palácio da Alvorada -
Presidente Jair Bolsonaro durante pronunciamento no Palácio da Alvorada

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

24/08/2020 12h56

A bancada do PSOL na Câmara, anunciou hoje (24) que apresentará uma notícia-crime contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) perante o STF (Supremo Tribunal Federal) após ameaça a um jornalista ontem em Brasília.

Na avaliação do partido, a medida no Supremo se justifica por "crime de ameaça e constrangimento ilegal" cometidos por Bolsonaro.

Ontem, um repórter do jornal O Globo fez a seguinte pergunta a Bolsonaro: "Presidente, por que a sua esposa recebeu R$ 89 mil reais do Fabrício Queiroz?", em referência a uma reportagem da revista Crusoé.

O texto afirma que o ex-assessor do senador e filho do presidente, Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), Fabrício Queiroz e a mulher dele, Márcia Aguiar, repassaram R$ 89 mil para a conta de Michelle Bolsonaro entre 2011 e 2016.

Em resposta, Bolsonaro disse: "Minha vontade é encher tua boca com uma porrada, tá". Sem responder à pergunta, o presidente emendou: "Seu safado". Até o momento, os depósitos a Michelle Bolsonaro não foram esclarecidos.

Flávio e Queiroz, além de integrantes da família do ex-assessor, são investigados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por suposto envolvimento em rachadinha - quando há devolução ilegal de parte de salários de funcionários a um político - no gabinete do parlamentar quando deputado estadual.

A líder do PSOL na Câmara, deputada federal Sâmia Bomfim (SP), disse ser natural haver esses questionamentos a Bolsonaro. "A reação é absolutamente inadmissível e merece todo nosso repúdio. Por isso, estamos no Supremo exigindo que Bolsonaro responda pelo crime de ameaça", falou.

A oposição no Parlamento, e não apenas em partidos de esquerda, tem reforçado a pergunta do repórter a Bolsonaro nas redes sociais, marcando o perfil do presidente. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já declarou não caber a "reação desproporcional" de Bolsonaro.

O PSOL ainda busca apoio para a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) com o objetivo de apurar os depósitos de Queiroz a Michelle Bolsonaro.