Ex-deputada Cristiane Brasil se apresenta à Polícia: "De cabeça erguida"
Resumo da notícia
- Pré-candidata à prefeitura do Rio é acusada de fazer parte do núcleo político de organização que fraudou licitações de quase R$ 120 milhões
- Ela e Pedro Fernandes foram os principais alvos da segunda fase da Operação Catarata
- Filha do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), Cristiane acusa haver "interesses políticos" na operação
- Ex-deputada questiona operação às vésperas da eleição municipal
A ex-deputada federal e pré-candidata à prefeitura do Rio Cristiane Brasil (PTB) se apresentou na tarde de hoje à CGPOL (Corregedoria Geral da Polícia). A informação foi confirmada ao UOL pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ). Ela era alvo de um mandado de prisão preventiva por supostamente participar de um esquema de desvios de até R$ 120 milhões no governo do estado e na prefeitura da capital.
"Estou indo me apresentar agora. É um absurdo que uma denúncia antiga, de 2012, 2013, esteja sendo cumprida agora, um mandado de prisão preventiva contra mim, faltando dias para as eleições, contra mim e os outros dois principais candidatos. Isso num momento em que a minha candidatura se fortalece", iniciou ela, em vídeo.
Cristiane é apontada pelo MP-RJ como uma "fada madrinha" de empresa beneficiada em licitações manipuladas. De acordo com denúncia, ela possuía contato estreito com Flávio Chadud, que é dono da Servilog Rio. Se valendo de influência política, ela e o atual secretário estadual do Educação, Pedro Fernandes (PSC), teriam implementado um esquema criminoso entre 2013 e 2018, acusam os promotores.
Cristiane e Fernandes foram os principais alvos da segunda fase da Operação Catarata, aberta nesta manhã para cumprir cinco mandados de prisão preventiva e realizar seis buscas em endereços dos bairros de Copacabana, Recreio dos Bandeirantes e Barra da Tijuca. Fernandes foi detido.
Além deles, foram alvos das ordens de prisão o empresário Flavio Salomão Chadud, seu pai, o delegado da PCERJ Mario Jamil Chadud e o ex-diretor de administração financeira (DAF) da Fundação Leão XIII, João Marcos Borges Mattos.
Nas redes sociais, Cristiane publicou mensagem dizendo que estava a caminho de mais uma etapa difícil de sua vida, mas de cabeça erguida. (Assista ao vídeo abaixo)
"Sabemos que há interesses políticos por trás desses atos todos que acontecem. Mas estou com a consciência tranquila de que a Justiça será feita e os fatos serão esclarecidos a meu favor. Então, podem contar que, em breve, novamente estarei em liberdade e pronta para competir e ser prefeita do Rio de Janeiro", completou.
A denúncia apresentada contra os cinco alvos da 'Catarata 2' e mais 20 investigados já foi aceita pela 6ª Vara Criminal da Capital do Rio de Janeiro, segundo informou o Ministério Público do Rio.
Defesa de Fernandes: "Ele nunca foi ouvido"
Em nota, a defesa de Fernandes afirma que o secretário ficou "indignado" com a ordem de prisão e que soube pela imprensa que estava sendo investigado "por algo que ainda não tem certeza do que é".
"O advogado dele vinha pedindo acesso ao processo desde o final de julho, mas não conseguiu", diz o texto. "Pedro nunca foi ouvido e só soube pela imprensa de que estava sendo investigado por algo que ainda não tem certeza do que é. Pedro confia que tudo será esclarecido o mais rápido possível e a inocência dele provada."
Cristiane já teve posse barrada
Nomeada ministra do Trabalho em 2018 pelo ex-presidente Michel Temer (MDB), Cristiane teve a posse suspensa na Justiça. A decisão aconteceu após vir à tona o fato de que a ex-deputada foi condenada pela Justiça a pagar uma dívida trabalhista.
Filha do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), que se aproximou de Jair Bolsonaro (sem partido), Cristiane estava em negociação com o PSL, antigo partido do presidente, para formar uma aliança na disputa pela Prefeitura do Rio.
Nesse acordo, o PSL teria uma chapa própria na corrida eleitoral, encabeçada pelo deputado federal Luiz Lima (PSL-RJ) e com Cristiane como vice. A operação de hoje, contudo, deve dar nova composição à chapa.
Além de ter sido condenada pela Justiça do Trabalho, Cristiane já foi citada em uma delação da Odebrecht, mas o STF (Supremo Tribunal Federal) não abriu inquérito para investigar as acusações. Ela também foi acusada de coagir servidores a votarem no seu nome para o cargo de deputada federal, sob a ameaça de demiti-los. Saiba mais a seguir:
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