Trevisan: Damares tem de cuidar das crianças com viés que não seja o dela
A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, entrou em uma cruzada contra o filme francês da Netflix "Lindinhas" que, segundo ela, erotiza meninas. Por trás da atitude, afirma a colunista do UOL Carolina Trevisan, não se trata de preocupação com as crianças, mas de desagrado com produções que não condizem com sua ideologia.
"A questão ali é que ela disse que o filme 'Lindinhas' estimularia a violência contra a criança e adolescente por conta da erotização infantil precoce", disse no podcast Baixo Clero #57, apresentado com Carla Bigatto e Diogo Schelp. "Essa sexualização da infância é uma questão que a gente precisa debater, não que a gente precise esconder, não pode censurar, não adianta a gente tornar a questão um tabu e achar que vai desaparecer." (ouça a partir do minuto 27:32)
Segundo Trevisan, a questão levantada por Damares está mais ligada a sua ideologia religiosa. "A Damares está usando uma prática que ela sempre teve dentro da igreja evangélica em que esses temas são discutidos. A questão da gravidez precoce, a adoção das politicas de abstinência, que não dão certo. É usar uma lógica religiosa novamente dentro da política, como o Crivella [prefeito do Rio de Janeiro] fez no caso dos "Guardiões". (ouça a partir do minuto 29:00)
A jornalista ressalta, ainda, que é difícil encontrar detalhes sobre os programas de defesa dos Direitos Humanos lançados pela pasta. "A gente tenta encontrar no site do Ministério, pede informações e nada. Fica essa ambiguidade, como a de dizer que está combatendo a pedofilia quando, na verdade, deveríamos combater o crime sexual contra as crianças. Ela [Damares] está querendo colocar questões como censura e abstinência, que têm mais valor religioso que prático." (ouça a partir do minuto 30:55)
No episódio, os jornalistas comentaram, ainda, o silêncio da ministra sobre a defesa do trabalho infantil feita pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao lado de uma youtuber mirim. Segundo advogado especialista nos direitos da infância e da juventude, ele teria cometido ao menos quatro crimes previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente e na Constituição Federal.
"Damares sabe disso [que a apologia ao trabalho infantil é crime] e finge que não está acontecendo. Essa é a prática de negar as coisas, como fez o [vice-presidente] Mourão sobre os dados do Inpe e Bolsonaro faz o tempo todo. Ela colocou no ministério dela a família enquanto sujeito de direitos. A criança está nesse guarda-chuva. Damares precisa cuidar das crianças com um viés que não seja ela própria, do ponto de vista dela unicamente". (ouça a partir do minuto 31:00)
Baixo Clero está disponível no Spotify, na Apple Podcasts, no Google Podcasts, no Castbox, no Deezer e em outros distribuidores. Você também pode ouvir o programa no YouTube. Outros podcasts do UOL estão disponíveis em uol.com.br/podcasts.
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