Mandetta diz que Onyx gravava deputados e critica falta de liderança
O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, lança hoje o livro "Um Paciente Chamado Brasil", no qual fala sobre os 87 dias finais de sua gestão à frente da pasta. No relato, ele lembra os problemas enfrentados para combater a pandemia e bastidores do governo.
Em um dos capítulos, Mandetta acusa o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, do que ele chamou de "pecado mortal" na política. O ex-ministro afirma que, em 2016, quando Onyx era deputado e relator das "10 medidas contra a corrupção", ele lhe confessou ter gravado parlamentares durante uma reunião na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) para depois tentar comprometê-los.
"Escrevi sobre isso para vocês saberem como é Brasília, um ambiente onde você tem que estar ligado o tempo todo", disse o ex-ministro em entrevista ao jornal O Globo.
Segundo Mandetta, na ocasião Onyx era pressionado por parlamentares para alterar o texto original, proposto por procuradores da Lava Jato. Mandetta escreveu que Onyx lhe mostrou a gravação e fez ameaças aos parlamentares de que, se a pressão continuasse, iria vazá-la para a imprensa.
Questionado pelo UOL, o ministro disse que as acusações de Mandetta são mentirosas e "sintoma grave da Síndrome de Falta de Luz". "Estou trabalhando e não tenho tempo para fofocas", completou.
Mandetta deixou o cargo em abril após desavenças com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no enfrentamento da pandemia do coronavírus. O ex-ministro defendia o distanciamento social, o fechamento do comércio e outros estabelecimentos e não apoiava o uso da cloroquina, uma bandeira do presidente.
"Estamos enfrentando a pandemia sem liderança. Não tem uma voz que dê os critérios técnicos. Como não temos guidelines [diretrizes], há personagens: um manda abrir, outro manda fechar", disse.
Na entrevista, Mandetta afirmou ainda que não pretende se candidatar novamente a deputado federal. "Já tive dois mandatos e não tenho mais pretensões".
Flávio pressionou por demissões
No livro, o ex-ministro da Saúde também revela que partiu do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho mais velho do presidente, a "sugestão" para que Mandetta demitisse quatro integrantes de sua equipe. A informação é do colunista Guilherme Amado, da revista Época.
Segundo o médico ortopedista, a pressão começou em janeiro — ou seja, antes da pandemia. Mandetta conta que uma semana antes do Fórum Econômico de Davos, na Suíça, seu chefe de gabinete recebeu da Presidência um pedido para exonerar quatro servidores do ministério:
- João Gabbardo dos Reis, secretário-executivo;
- Erno Harzheim, secretário de Atenção Primária à Saúde;
- Francisco de Assis Figueiredo, secretário de Atenção Especializada em Saúde;
- Jacson Barros, diretor do DataSUS -- o único que ainda segue no cargo.
O ex-ministro, de acordo com o colunista de Época, ficou sabendo por Bolsonaro que as "sugestões" de troca partiram de Flávio. Na ocasião, o presidente disse que os quatro não eram "gente nossa".
O UOL também procurou a assessoria do senador para perguntar sobre o caso e aguarda resposta.
*Com Estadão Conteúdo
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