Topo

Fundação Palmares retira nome de Benedita de lista de personalidades negras

Benedita da Silva, candidata à Prefeitura do Rio pelo PT - Reprodução/internet
Benedita da Silva, candidata à Prefeitura do Rio pelo PT Imagem: Reprodução/internet

Do UOL, em São Paulo

01/10/2020 07h07Atualizada em 01/10/2020 10h55

A deputada federal e candidata do PT à Prefeitura do Rio, Benedita da Silva, teve o nome retirado da lista de personalidades negras da Fundação Palmares. Ela afirmou que irá à Justiça contra a decisão.

O presidente da entidade, Sérgio Camargo, alegou que a decisão foi tomada por Benedita responder a um processo por improbidade administrativa. A deputada respondeu, alegou que o ato de Camargo é "abuso de poder", relatou estar sendo atacada de forma racista nas redes sociais e afirmou que entrará na Justiça contra os agressores.

Conhecido por criticar grupos de defesa aos negros, o presidente da Fundação Palmares postou no Twitter que o "o preto, o pobre e o favelado são as maiores vítimas da corrupção" ao comunicar a decisão. Benedita não foi condenada pela denúncia.

A petista foi a primeira negra a ser eleita para o Senado em 1994, ocupando o cargo entre 1995 e 1998, e também a primeira negra vereadora na cidade do Rio de Janeiro, com mandato entre 1983 e 1986. Ela foi vice-governadora do Rio de Janeiro entre 1999 e 2002, e tornou-se governadora em 2002, quando Anthony Garotinho deixou o cargo para disputar a Presidência da República.

Benedita cumpre seu terceiro mandato seguido na Câmara dos Deputados e já havia sido deputada federal entre 1987 e 1995.

A deputada também foi a relatora da PEC das domésticas, em 2013, que regularizou os direitos trabalhistas dos empregados domésticos. Ela também é autora do projeto que inscreveu Zumbi dos Palmares no panteão dos heróis nacionais e autora da proposta que oficializou o dia 20 de novembro como o dia nacional da consciência negra, uma homenagem a Zumbi, que morreu nesse dia, em 1695.

Antes de ser retirado do ar, o perfil da petista na Fundação Palmares a identificava como "autora de 84 projetos de leis de grande importância para a população. Sua atuação ajudou a escrever a história recente do país".

Ela comentou a decisão de Camargo em um vídeo postado nas redes sociais e também denunciou ataques racistas que vem sofrendo na internet nos últimos dias.

"Hoje ainda fui surpreendida por uma decisão arbitrária do Capitão do Mato que preside, a mando de Bolsonaro, a Fundação Palmares, que deveria preservar a memória e a cultura do povo negro mas está fazendo o contrário. Depois de excluir Mandela, Zumbi dos Palmares da lista de personalidades negras ele retirou meu nome desta galeria. O que ele fez é ilegal, é abuso de poder", disse Benedita. A candidata afirmou que entrará na justiça contra as agressões que vem sofrendo.

Benedita é acusada pelo Ministério Público de improbidade administrativa no período em que ocupou a secretaria estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, na gestão de Sergio Cabral no governo do Rio de Janeiro. Em 2015, a justiça determinou o bloqueio de bens e quebra de sigilo bancário da deputada com o objetivo de recuperar R$ 32 milhões em supostos danos causados aos cofres do estado.

De acordo com o MP, ela teria dispensado licitações em contratações trazendo "grave prejuízo" ao estado. As supostas irregularidades teriam ocorrido na assinatura de convênios entre a Fundação Darcy Ribeiro (Fundar) e ONGs e o Ministério da Justiça.

Ela não foi condenada no caso. No entanto, em agosto deste ano, o juiz da 6ª Vara da Fazenda Pública do Rio, Bruno Bodart, decidiu manter o bloqueio de bens da candidata.