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Líder do governo volta a defender nova Constituição: 'Mais fácil'

"Totalmente democrático, não vejo nenhum problema nisso", opinou Ricardo Barros à CNN - Najara Araújo/Câmara dos Deputados
"Totalmente democrático, não vejo nenhum problema nisso", opinou Ricardo Barros à CNN Imagem: Najara Araújo/Câmara dos Deputados

Do UOL, em São Paulo

27/10/2020 19h28Atualizada em 27/10/2020 19h39

Um dia após dizer que a Constituição de 1988 tornou o Brasil "ingovernável", o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), voltou a defender a realização de um plebiscito para que a população brasileira decida sobre a elaboração de outra Carta Magna. Para o deputado, é mais fácil discutir uma nova do que aprovar emendas à atual.

"Permitir ao povo decidir se quer uma Constituição nova é totalmente democrático, não vejo nenhum problema nisso. Só neste momento, o Brasil precisa votar quatro emendas constitucionais para poder viabilizar governabilidade, então é sinal de que o texto precisa ser adequado. Talvez fazer uma nova fosse mais fácil do que fazer tantas emendas", opinou Barros em entrevista à CNN Brasil.

O deputado também disse haver muitos privilégios que precisam ser combatidos na atual Constituição, citando a dificuldade de se manter o auxílio emergencial como contrapartida. "Estamos aí sem conseguir arrumar R$ 300 para os cidadãos brasileiros que precisam e não conseguimos cortar grandes privilégios", comparou.

Barros reconhece, porém, que a discussão sobre uma nova Constituição levaria tempo — e poderia nem acontecer no atual governo. Isso porque seria necessário aprovar a realização de um plebiscito para questionar à população sobre o tema e, a depender do resultado, dar início às negociações e debates.

"Qualquer andamento depende de um plebiscito. Isso está muito longe, não tem nada a ver com o momento atual. Mas o presidente [José] Sarney, quando promulgou a Constituição, disse que [ela] tornaria o país ingovernável. Ele anteviu isso, era um político já experiente naquela época", lembrou.

"Não tem crise"

Em resposta às declarações do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Ricardo Barros negou que o atraso na aprovação das reformas indique que há crise na base aliada do governo. Segundo o deputado, as obstruções de pauta, criticadas por Maia, são "do jogo político".

"Quero tranquilizar a todos: não tem essa crise que parece ter. É absolutamente do jogo político a obstrução, o acordo, o entendimento, a pressão. Está tudo tranquilo e nós vamos, no tempo certo, entregar todos os avanços que os brasileiros esperam do Congresso Nacional", prometeu.

Ele também se mostrou otimista quanto à chegada a um consenso e disse que a base do governo está empenhada em votar as reformas administrativa e tributária, além das PECs (Propostas de Emenda à Constituição) do pacto federativo e emergencial.

O maior imbróglio, de acordo com Barros, se refere à instalação da comissão que vai discutir o Orçamento de 2021.

"Esse é o jogo da política, é assim que nós vamos construindo o entendimento, o consenso, a possibilidade de avanço. Neste momento, temos uma divergência, por conta da instalação da Comissão do Orçamento. Para que a gente possa unir a base, requer muita conversa, muito diálogo, muito esforço. Temos a expectativa de que podemos construir um novo acordo brevemente", tranquilizou.