ACM Neto exalta DEM na eleição, se afasta de Bolsonaro e vê Lula aposentado
Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM), prefeito de Salvador, ficou animado com os resultados das eleições municipais de 2020. Ele é presidente do Democratas e disse que o partido cresceu a ponto de ganhar "uma posição privilegiada" para a disputa de 2022. De olho na eleição presidencial, ele já tratou de se afastar de Jair Bolsonaro (sem partido) e Lula (PT) para colocar o DEM como uma terceira via.
"O que posso concluir, numa visão de curto e médio prazos, é que o DEM, hoje, graças ao capital eleitoral que acumulou nas eleições deste ano, tem condições de sentar para conversar com qualquer partido, com qualquer candidato sério a presidente. O partido será ouvido, respeitado e terá relevância. Agora, já será a hora de a gente ter, em 2022, nosso próprio candidato? Não posso responder ainda", desconversou ACM Neto, em entrevista ao jornal Valor Econômico.
Em dezembro, ACM Neto sairá da prefeitura de Salvador e deixará um sucessor, Bruno Reis, eleito no 1º turno, com 64,2% dos votos. ACM não quis dizer se, em 2022, sairá como candidato a governador ou fará parte de uma chapa presidencial. "É preciso ter um pouco mais de paciência", pediu.
Mas o prefeito deixou claro que atualmente o DEM quer se afastar de Bolsonaro e da esquerda. O partido costuma atuar junto com o governo no Congresso, mas tentar manter uma imagem de independência.
"O DEM não faz parte do governo Bolsonaro. O DEM não é base do governo Bolsonaro. Todo mundo sabe que temos uma posição de independência em relação a esse governo. Temos ministros neste governo escolhidos pelo presidente. São quadros qualificados, mas escolhidos pelo presidente. E depois, eu não torço contra o governo. Da mesma forma que não sou base, também não sou oposição. Sempre que foi necessário, nós ajudamos. Sobretudo na agenda econômica. Não vou ficar fazendo torcida contra o governo. Isso não tem cabimento", disse ACM Neto.
Sobre o PT, ACM Neto disse que as eleições municipais mostraram uma diminuição no poder do ex-presidente Lula.
"E eu diria que as eleições municipais deste ano ajudaram a acelerar o processo de aposentadoria do Lula. Fala-se muito que Bolsonaro não transferiu votos, mas se você observar, o Lula, mesmo no Nordeste, que era o histórico da força política dele, ele não decidiu eleição em lugar nenhum. Antes era assim: Lula botava a mão no ombro, parecia uma varinha de condão que, automaticamente, transformava o candidato num nome competitivo. Não aconteceu isso desta vez. Salvador é um exemplo disso. Ele apoiou desde o primeiro dia a candidata do PT aqui [Major Denice], que acabou com 18% das intenções de votos. Mesmo no Recife, onde a Marília Arraes (PT) foi para o segundo turno, eu não tenho notícias de que o Lula, pessoalmente, tenha conseguido eleger prefeitos em capitais ou em grandes cidades", analisou o prefeito de Salvador.
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