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Wagner pede renovação no PT e se coloca para 2022: 'Ficarei refém do Lula?'

Em entrevista para a rádio Metrópole, Jaques Wagner elogiou Manuela, Boulos, Marília e João Campos - Marcos Oliveira/Agência Senado
Em entrevista para a rádio Metrópole, Jaques Wagner elogiou Manuela, Boulos, Marília e João Campos Imagem: Marcos Oliveira/Agência Senado

Do UOL, em São Paulo

01/12/2020 11h54Atualizada em 01/12/2020 12h43

O senador Jaques Wagner (PT-BA) defendeu uma "mudança geracional" e "de conteúdo" no PT e se colocou como uma opção de candidato para concorrer em 2022 ao posto de governador da Bahia e até mesmo ao de presidente do Brasil.

"Meu nome está posto tanto na cena nacional como na cena estadual. Eu tenho responsabilidade", disse em entrevista concedida ontem para a rádio Metrópole, da Bahia. "Para 2022, eu acho que tem que esperar um pouco essa cena ir se arrumando, mas meu nome está colocado."

Animado com as candidaturas jovens a prefeituras por todo o país no campo da esquerda, o ex-governador da Bahia (2007-2015) defendeu uma renovação dentro do PT, abrindo mais espaço para a juventude no partido.

Na minha opinião, o que o PT deve fazer é isso: uma mudança de conteúdo, quer dizer, para atualizar seu conteúdo, e uma mudança geracional, botando gente mais nova
Jaques Wagner (PT-BA), senador, à rádio Metrópole

"Nada contra a gente (mais velhos), porque ainda desempenhamos muita coisa boa, mas é preciso trazer a outra geração para ocupar espaço", afirmou o veterano.

Nominalmente, Wagner citou quatro candidaturas: a de Manuela D'Ávila (PCdoB), em Porto Alegre; a de Guilherme Boulos (PSOL), em São Paulo; e as de Marília Arraes (PT) e João Campos (PSB), em Recife. Todas foram para o segundo turno em suas cidades, mas apenas a última ganhou, justamente a única que não era apoiada pelo PT.

Ainda falando sobre a necessidade de uma mudança geracional dentro do Partido dos Trabalhadores, o senador baiano chamou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de "amigo irmão", mas disse que o partido deve ser mais independente de seu líder.

A gente não pode ficar refém. Eu sou amigo irmão do Lula, mas vou ficar refém dele a vida inteira? Não faz sentido. É a minha opinião sincera e parabéns aos jovens que participaram [das eleições municipais] e ganharam
Jaques Wagner

A preocupação de Wagner é com o futuro do partido. Nas eleições municipais, o PT saiu sem conseguir eleger nenhum prefeito nas capitais e com menos prefeituras do que em 2016.

"Pela primeira vez desde 1985, quando ganhamos a prefeitura de Fortaleza, nessa eleição vamos ficar sem nenhuma capital de estado governada pelo PT", disse. "É a primeira vez que isso acontece, e é óbvio que essa fotografia não é boa", finalizou.

Jaques Wagner chegou a ser cotado para ser o candidato do PT à Presidência da República em 2018, diante da possível - e depois confirmada - inelegibilidade de Lula. Por decisão do ex-presidente, porém, o nome escolhido para concorrer foi o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, que perdeu no segundo turno para Jair Bolsonaro (à época no PSL, hoje sem partido).