Metrô do RJ: PF faz busca contra ex-secretário suspeito de receber propina
A PF (Polícia Federal) deflagrou hoje uma operação contra suspeitos de participar de um esquema de pagamento de propinas na construção da Linha 4 do metrô do Rio de Janeiro.
A ação, batizada de "Fim do Túnel", cumpre sete mandados de busca e apreensão na zona sul e no centro do Rio, expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. A operação é mais um desdobramento da Lava Jato.
Um dos alvos de busca é Júlio Lopes, ex-deputado federal e ex-secretário de Transportes do estado na gestão de Sergio Cabral.
A operação apura um suposto pagamento de propinas pela empreiteira responsável pela construção da linha 4 do metrô a integrantes do governo do estado do Rio na época. Também são investigados pagamentos ilegais feitos por empresários dos ramos rodoviário e de saúde.
A linha 4 conecta a estação General Osório, em Ipanema, na zona sul, ao Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca, na zona oeste da cidade. A construção, que começou em 2010, foi concluída em 2016, para ser usada durante os Jogos Olímpicos e Paralímpícos Rio 2016.
As investigações consistem em desdobramentos das Operações Tollypeutes, Fatura Exposta e Ponto Final. O MPF (Ministério Público Federal) e a Receita Federal também participam da operação.
Segundo a PF, os materiais apreendidos serão analisados e, se confirmadas as suspeitas, os investigados responderão por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Denúncias contra Lopes
Segundo a investigação, entre junho de 2010 e novembro de 2014, Júlio Lopes teria usado o cargo para solicitar R$ 6,4 milhões em propinas da Odebrecht, valor que teria sido pago pela empreiteira no âmbito das obras de construção da Linha 4 do Metrô do Rio.
O Ministério Público Federal aponta, em outra frente, que, entre de julho de 2010 e março de 2015, o ex-secretário teria aceitado vantagem indevida de R$ 7,6 milhões da Fetranspor em troca do ressarcimento dos valores do Bilhete Único para as empresas.
Em uma terceira linha de investigação, o MPF aponta que, quando deputado, entre 2016 e 2017, Júlio Lopes teria recebido três parcelas de R$ 250 mil de uma empresa de Saúde em troca do favorecimento em contratos no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into).
Outro lado
Em nota, a defesa de Júlio Lopes se disse "perplexa" com a operação de hoje e afirmou que o ex-deputado não praticou nenhum crime durante sua gestão como secretário.
"A defesa de Júlio Lopes vem expressar a sua perplexidade com a busca e apreensão, desnecessária e abusiva, realizada na data de hoje. Ao longo de quatro anos de investigações, Júlio Lopes sempre se colocou à disposição das autoridades para explicar qualquer fato. Júlio Lopes não praticou nenhum crime ao longo de sua gestão na Secretaria de Transportes e, não por outra razão, as afirmações caluniosas de delatores nunca foram levadas a sério. A esdrúxula medida, que versa sobre fatos requentados, sequer poderia ter sido decretada pelo juízo da Sétima Vara Federal do Rio de Janeiro, por ofender a competência da Justiça Eleitoral, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal", diz a nota assinada pelos advogados Ticiano Figueiredo e Pedro Ivo Velloso.
* Com informações da Agência Brasil e do Estadão Conteúdo
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