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Vereadora do PR é suspeita de criar empresa laranja com nome de doméstica

Felipe Munhoz

Colaboração para o UOL, em Lençóis (BA)

08/12/2020 20h21

A 1ª Promotoria de Justiça de Marechal Cândido Rondon (PR) e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) de Foz do Iguaçu cumpriram hoje mandado de busca e apreensão em quatro endereços de uma vereadora de Entre Rios do Oeste. De acordo com o MP-PR (Ministério Público do Paraná), Alessandra Caetano de Souza Lupges (PL) e o marido, Ricardo Lupdges, criaram uma empresa fantasma em nome de sua funcionária doméstica para participar de licitações ligadas ao município.

Segundo a investigação, a vereadora é investigada por improbidade administrativa, falsidade ideológica, associação criminosa e fraude de licitação. O UOL procurou a defesa da parlamentar e do seu marido, mas não obteve resposta.

Em março de 2018, segundo o TCE-PR (Tribunal de Contas do Estado do Paraná), após denúncia de um morador, a Prefeitura de Entre Rios rescindiu seis contratos que mantinha com a empresa Athenas [nome dado a operação de hoje] Sports e Papelaria, que tinha como sócios a vereadora e o marido, para o fornecimento de materiais esportivos e de papelaria, entre outros itens. A Constituição Federal impede que empresa pertencente a vereador ou de parentes seja contratada pela administração municipal, a qual devem fiscalizar.

Nos três anos em que a empresa foi fornecedora da prefeitura, ela recebeu aproximadamente R$ 446,5 mil do cofre municipal, de acordo com o TCE-PR. Então, após a rescisão, segundo o MP-PR, a saída que o casal encontrou para seguir participando de licitações foi criar uma empresa fantasma com um "laranja", no caso, a funcionária doméstica.

A reportagem entrou em contato com a vereadora e o marido Ricardo Lupdges, mas não foi atendida por eles até o momento da publicação. A Câmara Municipal e a Prefeitura da cidade afirmaram ao UOL que não iriam se pronunciar sobre o caso neste momento.

"Foram apreendidos computadores, celulares e outros documentos para análise da ligação da vereadora com a conduta criminosa. Os documentos estão sendo objeto de análise pelo Ministério Público para o desenrolar das investigações", disse o promotor de Justiça João Eduardo Antunes Mirais.

Os mandados foram cumpridos na Câmara dos Vereadores de Entre Rios do Oeste, na residência da parlamentar, no endereço comercial do marido e na residência da mãe da vereadora.

Histórico político

Alessandra Caetano de Souza Lupges (PL) chegou a presidir a Câmara Municipal em 2016 e, nas eleições de 2020, concorreu para o cargo de prefeita. Porém, ficou na terceira colocação, atrás do eleito Ari Maldaner (PSD) e de Vilson Wagner (MDB).