Moro pede ao STF novo depoimento de Ramagem após denúncias sobre Abin
O ex-ministro da Justiça Sérgio Moro pediu hoje que o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), marque um depoimento com Alexandre Ramagem, diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), para que ele se pronuncie sobre a produção de supostos relatórios à defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos).
Segundo reportagem da revista Época, a Abin produziu relatórios para ajudar o senador e filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no "caso Queiroz" —a investigação revelou a existência de um suposto esquema de "rachadinhas" na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) e gerou denúncia contra Flávio por lavagem de dinheiro, peculato e organização criminosa.
O GSI nega a existência dos documentos que teriam sido elaborados pela Abin, mas a defesa de Flávio confirmou a autenticidade dos relatórios.
"A junção inusitada das circunstâncias fáticas, mesmo que se tratem, por ora, apenas de notícias jornalísticas, endossa e reforça a imprescindibilidade de novo depoimento do Dr. Alexandre Ramagem —apontado pela imprensa como possível subscritor ou autor dos mencionados relatórios", escreveu Moro.
O ex-ministro também pede que seja solicitada a cópia dos eventuais relatórios "permitindo a análise de possíveis implicações pertinentes à questão criminal aqui apurada ou, ainda, o esclarecimento dos eventos noticiados".
Segundo o advogado de Moro, Rodrigo Sánchez Rios, as medidas propostas pelo ex-ministro são pertinentes ao inquérito 4831, do qual o ministro Moraes é relator, que apura uma suposta interferência do presidente Bolsonaro na Polícia Federal.
"A defesa do ex-ministro Sergio Moro solicitou a tomada de providências para anexar ao processo os documentos que teriam sido produzidos pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) em apoio à defesa privada do filho do presidente da República", explicou Rios.
"Também solicitamos a tomada de novo depoimento do delegado federal Alexandre Ramagem, atual diretor-geral da Abin, com a finalidade de esclarecer esse fato. Essas medidas são pertinentes porque o presidente da República é investigado no referido inquérito, justamente, por suspeita de interferência indevida em órgãos de Estado".
Sobre o depoimento, Moro sugere ainda que Ramagem seja questionado em relação a eventuais reuniões formais ou informais para atender a interesses particulares do presidente Bolsonaro.
"Frisa-se que o Presidente da República manifestou sua vontade em substituir o Diretor Geral da Polícia Federal, indicando, como substituto, o atual chefe da Abin", reforçou o ex-ministro em seu pedido.
Após o caso, Moro fez uma postagem misteriosa em sua conta no Twitter, dizendo que "a verdade e não a propaganda prevalecerá."
Alexandre Ramagem chegou a ser nomeado por Bolsonaro para chefiar a Polícia Federal após a demissão de Maurício Valeixo, mas não assumiu o cargo —a nomeação foi suspensa pelo STF.
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