Vídeo mostra membro do Conselho de Ética da Alesp com Cury durante assédio
Um novo vídeo obtido pelo UOL mostra que o deputado estadual Fernando Cury (Cidadania) teve a companhia do deputado Alex de Madureira (PSD) antes, durante e depois do assédio cometido contra a deputada Isa Penna (PSOL), em sessão pública que ocorreu na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) na última quinta-feira (17).
Madureira é vice-presidente do Conselho de Ética da Alesp, que deve julgar o caso a partir de 7 de janeiro. A reportagem tenta contato com Cury e Madureira desde que teve acesso às primeiras imagens do caso, na semana passada, mas ambos não retornam os contatos. Cury, inclusive, chegou a contratar um especialista em gestão de crise de imagem.
As novas imagens mostram que, enquanto Isa Penna conversava com o presidente da Casa, Cauê Macris (PSDB), Cury e Madureira conversavam a poucos metros de distância. Antes de Cury se dirigir até a deputada, Madureira tenta segurar o braço do colega, pelo cotovelo, sem sucesso.
Ambos usavam máscaras, e não é possível ouvir o teor ou tom da conversa que se dá entre eles.
Na sequência, Cury se aproximou por trás de Isa Penna e colocou as mãos na altura dos seios da deputada, na parte lateral do corpo. A deputada reagiu e afastou Cury de si, ainda diante de Cauê Macris. Madureira assistiu a toda a cena e se afastou momentaneamente.
Alguns minutos depois, Isa se aproxima de Cury para confrontá-lo sobre o assédio sofrido e ele tenta, mais uma vez, abraçá-la. Ela recusa o abraço e ele balança a cabeça como se dissesse "não". Alex de Madureira continua assistindo Cury e Isa. No momento que Madureira e outros deputados se aproximam, Cury faz sinal negativo com o dedo indicador para Isa.
A discussão entre Cury e Isa se estendia até o momento em que Madureira retira Cury do local e sai do ângulo de visão do vídeo com as mãos nas costas de Cury. Nesse momento, foi possível ouvir Isa Penna acusando Cury de estar bêbado. Tudo às vistas de Cauê Macris, que até hoje não se manifestou sobre o caso.
O deputado Carlos Giannazi (PSOL) fez um manifesto pedindo a substituição de Alex Madureira no Conselho de Ética.
Comissão da Alesp terá duas mulheres
Num primeiro momento, a comissão teria apenas uma mulher, a presidente, Maria Lúcia Amary (PSDB). No entanto, Giannazi cedeu sua vaga para a deputada Erica Malunguinho (PSOL). Além delas, formam a comissão: Adalberto Freitas (PSL), Emidio de Souza (PT), Barros Munhoz (PSB), Wellington Moura (Republicanos), Delegado Olim (PP), Alex de Madureira (PSD) e Campos Machado (Avante).
A Comissão de Ética da Alesp atingiu o quórum necessário para investigar o deputado Cury. A previsão é de que a apuração tenha inicio dia 7 de janeiro.
Estava prevista na noite de sexta-feira (19), uma reunião do conselho de ética nacional do Cidadania analisa o caso de Cury, porém, segundo informou o presidente do partido ao UOL, Roberto Freire, não foi possível realizá-la. Ela havia sido marcada para hoje, mas o partido não confirmou se ocorreu.
O partido já decidiu afastar o deputado. "Agora é com o Conselho de Ética. Depois findo o trabalho será com o Diretório Nacional que julgará e aplicará a punição que lhe aprouver, dentre elas a mais dura é a expulsão", disse Freire.
O Conselho de Ética do Cidadania é formado por nove titulares e três suplentes — há apenas uma mulher entre eles.
Procurado pelo UOL desde a divulgação do caso, Cury afirmou via assessoria que os esclarecimentos necessários poderiam ser encontrados na nota e no pronunciamento dele na Alesp.
Em nova nota, Cury escreve não ter sido informado oficialmente pelo partido da decisão de afastamento de suas funções diretivas no Cidadania.
"Também ressalto que não houve qualquer notificação de procedimento interno do Conselho de Ética, e por isso, tão logo seja formalmente comunicado, irei apresentar a versão dos fatos, exercendo assim meu direito de defesa", concluiu.
Vídeo da sessão gravou momento do assédio
Um vídeo público da sessão mostra o momento do assédio. As imagens mostram que a deputada conversava com o presidente Cauê Macris (PSDB), apoiada no balcão do plenário, quando Cury se aproximou por trás dela. Em seguida, ele colocou e manteve as mãos na lateral da deputada, na altura dos seios.
"Eu estava de costas, só senti a mão dele escorregar na minha lateral. No momento em que eu senti, virei e falei para ele: 'Quem você acha que você é? Você está louco? Passar a mão em mim assim?' E empurrei, tirei a mão dele", relatou Penna.
A deputada disse ainda que um grupo de deputados estava bebendo antes do início da sessão e que Cury "estava com muito bafo de uísque".
Ela reafirmou ao UOL que sentiu o hálito de álcool do deputado, mas reforçou que não atribui o ato do deputado à bebida. "Não acho que seja relevante, a quantidade de embriaguez. Não quero jamais partir para esse tipo de moralismo hipócrita, porque quem faz isso, faz pior sóbrio."
Comissão na Alesp tem apenas uma mulher
Na Alesp, Isa Penna apresentou uma denúncia formal por quebra de decoro contra Cury. Em sua composição, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Casa, que irá analisar o caso, tem apenas uma mulher. A deputada também lançou um manifesto para pedir a cassação do mandato de Cury.
À Folha a deputada Maria Lúcia Amary (PSDB), presidente do conselho, estimou para até março uma decisão sobre as medidas que podem ser tomadas contra o deputado.
Amary disse ainda que trabalhará para que haja isenção no processo e para que a discussão não seja polarizada para "o lado ideológico e sim pela situação em si, pelo caso em si".
"Causou bastante constrangimento, imagens foram muito fortes, não só para nós políticos, mas para nós, mulheres", disse Maria Lúcia em entrevista à CNN Brasil. A deputada tucana reforçou que "a situação foi grave". "Uma atitude absolutamente inadequada, inoportuna."
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