Maia critica 'delírio' de Bolsonaro contra urna eletrônica e cobra partidos
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou hoje o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por voltar a contestar a segurança da urna eletrônica e, consequentemente, a lisura do processo eleitoral no Brasil. Para Maia, fala de Bolsonaro é um ataque às instituições, e partidos deveriam pedir explicações ao presidente na Justiça.
"A frase do presidente Bolsonaro é um ataque direto e gravíssimo ao TSE e seus juízes. Os partidos políticos deveriam acionar a Justiça para que o presidente se explique. Bolsonaro consegue superar os delírios e os devaneios de [Donald] Trump", disse o deputado, fazendo menção ao presidente dos Estados Unidos.
Pela manhã, Bolsonaro repetiu — sem provas — que há fraudes no sistema eletrônico de votação no Brasil, teoria que já foi rebatida no país. Ele comentava sobre a invasão ao Capitólio, nos EUA, e fez um paralelo com as eleições presidenciais de 2022, defendendo o voto impresso para o próximo pleito.
"E aqui no Brasil, se tivermos o voto eletrônico em [20]22, vai ser a mesma coisa. A fraude existe. A imprensa vai dizer 'sem provas, ele diz que a fraude existe'. Eu não vou responder esses canalhas da imprensa mais. Eu só fui eleito porque tive muito voto em 2018", disse o presidente, sem apresentar evidências de suas acusações.
Em março do ano passado, Bolsonaro chegou a dizer que apresentaria provas "em breve" de que teria sido eleito no primeiro turno, mas a promessa nunca foi cumprida. Desde as eleições de 2018, Bolsonaro tenta emplacar a volta do voto impresso no Brasil, apesar de nenhuma fraude nunca ter sido comprovada com o uso das urnas eletrônicas.
Urna já elegeu Bolsonaro seis vezes
A urna eletrônica passou a ser usada no Brasil em 1996. Desde então, Bolsonaro foi eleito por esse método seis vezes: como deputado federal, em 1998, 2002, 2006, 2010 e 2014, e como presidente, em 2018. Os três filhos políticos do presidente, Carlos, Flávio e Eduardo, também foram escolhidos em eleições via urna eletrônica.
Não há nenhuma evidência de que o método eletrônico seja suscetível a fraudes. As urnas são independentes e não ficam integradas em rede, o que, segundo o TSE, evita qualquer possibilidade de hackeamento.
Além disso, ao contrário do que alega o presidente, os votos nas urnas eletrônicas são auditáveis. Cada dispositivo gera um boletim de urna, que é fixado na seção eleitoral após o fim da votação. Representantes de todos os partidos políticos podem fiscalizar o processo eleitoral na apuração dos votos.
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