Eleição na Câmara será presencial e voto aberto pode ser debatido, diz Maia
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) disse hoje que a votação para a presidência da Câmara, marcada para o dia 2 de fevereiro, será presencial. Maia também afirmou que é possível discutir a possibilidade do voto ser aberto, e não secreto, como prevê o regimento da Casa.
"Claro que a votação será presencial, nós estamos organizando as urnas para que elas fiquem no Salão Nobre e no Salão Verde para que o espaçamento seja garantido", disse Maia em coletiva de imprensa hoje. Normalmente, as urnas para votação ficam no plenário da Câmara.
Maia afirmou que a Mesa Diretora avalia, apenas, se será possível criar uma alternativa de votação para parlamentares que estão no grupo de risco da pandemia de coronavírus. O deputado Mário Heringer (PDT-MG), 2.º secretário da Câmara, foi escolhido o relator do tema, que será discutido em uma nova reunião da Mesa Diretora na próxima segunda-feira (18).
O presidente da Câmara também disse que, apesar de ser contra, está aberto à discussão sobre o voto aberto para a presidência.
"Se todos os partidos políticos entenderem que o voto pode ser aberto, quem sabe não pode ser um debate para que não paire dúvida sobre minha transparência e do meu trabalho nos últimos anos", disse Maia.
"Eu não defendo, acho que o voto tem que ser fechado, mas por que não, já que se quer tanta transparência, os agentes sociais ligados ao Bolsonaro estão em campanha pelo voto impresso já, com carreatas e caravanas a caminho da Câmara dos Deputados em Brasília no dia da eleição pedindo voto impresso já, então quem sabe uma transparência total também na eleição para Presidência da Câmara", completou.
Em 2019, a eleição no Senado foi marcada por polêmicas por causa de uma campanha popular que pedia o voto aberto para a presidência da Câmara. O ex-coordenador da Lava Jato no Paraná, Deltan Dellagnol, foi uma das figuras públicas a pressionar pelo voto aberto nas redes sociais.
A campanha contra o voto secreto tinha como objetivo impedir a vitória do senador Renan Calheiros (MDB-AL), que acabou se retirando da disputa. Dallagnol, por sua vez, acabou punido pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) depois de uma reclamação feita por Calheiros. O senador argumentou que Dallagnol tentou interferir indevidamente no Senado.
Na coletiva de imprensa de hohe, Maia também defendeu seu candidato à presidência da Câmara, Baleia Rossi (MDB-SP) e rechaçou as críticas de que o emedebista tem votos demais favoráveis ao governo.
"Muitas matérias polêmicas a presidência da Câmara barrou e não deixou pautar. Certamente se matérias sobre armas, meio ambiente, e tantas outras tivessem ido a voto, certamente o numero de votos do Baleia [Rossi] divergentes do deputado Arthur [Lira] e da base do governo seria muito maior", disse.
O presidente da Câmara também disse que no Planalto não tem como cumprir as promessas de liberação de emendas parlamentares aos deputados que votarem em Arthur Lira (PP-AL), candidato do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na disputa.
"Com o orçamento que não tem espaço para investimento, ele [Planalto] está oferecendo emendas por aí que eles mais uma vez não vão cumprir a palavra com os deputados. Você tem um rombo no teto de gastos de R$ 25 bilhões, o que deixa claro que não há recursos para investimentos. Se não há recursos para investimentos, vai ser muito difícil o governo cumprir essas promessas que estão fazendo aos parlamentares sobre a questão dos recursos extra orçamentários, o que pode gerar em um segundo momento, a partir de março, uma animosidade do plenário com as matérias do governo, mesmo aquelas consensuais da agenda econômica do nosso país", disse Maia.
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