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"Na hora da verdade, coragem não é tão grande", diz Maia sobre Bolsonaro

Kelli Kadanus

Colaboração para o UOL, em Brasília

18/01/2021 12h10Atualizada em 18/01/2021 15h14

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou a postura do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em relação à CoronaVac ao longo dos últimos meses. Com ironia, Maia disse que faltou coragem a Bolsonaro, que adotou um discurso contra a vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan contra a covid-19, mas no final autorizou a compra.

"O presidente da República disse várias vezes que não compraria a vacina chinesa, que quem manda era ele. Mas na hora da verdade, a coragem não é tão grande. É corajoso até uma parte da história. Apesar do papelão do (Eduardo) Pazuello (ministro da Saúde) agora querendo capturar o tema da vacina, pelo menos eles compraram", disse.

No dia 20 de outubro de 2020, o Ministério da Saúde chegou a um acordo com o Instituto Butantan para o fornecimento da vacina desenvolvida em parceria com o laboratório chinês Sinovac. Porém, no dia seguinte Bolsonaro desautorizou Pazuello e disse que não compraria a "vacina chinesa do Doria", fazendo referência ao seu rival político e governador de São Paulo, João Doria (PSDB-SP).

Porém, diante da perspectiva de aprovação da CoronaVac, o governo federal voltou atrás e fechou, na última semana, acordo para o fornecimento da vacina para o Plano Nacional de Imunização (PNI). Ontem, após liberação do uso emergencial pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), São Paulo deu início à vacinação.

Maia ainda elogiou Doria, marcando sua posição em relação à disputa entre o governador e Bolsonaro. "Quero parabenizar principalmente o Butantan, mas também o Doria que foi criticado e desrespeitado", disse Maia.

Colapso em Manaus

Maia também comentou o colapso no sistema de saúde no Amazonas. Desde a semana passada, o estado sofre com a falta de oxigênio em hospitais, o que causou a morte de pacientes internados por causa do coronavírus. Maia afirmou que uma CPI para tratar do colapso no sistema de saúde causado pela pandemia é "inevitável".

"Isso tudo vai acabar criando uma grande investigação. É inevitável que a gente tenha pelo menos uma grande CPI, que seja da Câmara ou do Congresso, a partir de um momento um pouco mais na frente. Certamente essa investigação vai chegar aos responsáveis pelo não atendimento ao e-mail de uma indústria farmacêutica querendo vender vacina para o Brasil, toda a desorganização, toda a falta de capacidade de logística e de entrega de equipamentos, insumos aos estados e municípios", disse Maia.

Maia também criticou a gestão da pandemia pelo governo federal. "Não tem planejamento no governo federal. O presidente coloca uma narrativa que o Supremo tirou o poder do governo federal. Não foi nada disso. O Supremo deixou claro lá atrás que a coordenação do sistema SUS é do governo federal", reforçou o presidente da Câmara.

"Não há planejamento, não se acreditava nesse tema, na importância da vacina. O que me estranha é que quando o ministro Pazuello foi escolhido, acho que ele é um bom militar, mas o motivo que o levou ao ministério, que era ser um homem bom de logística, provou um fracasso pelo menos até o momento", completou Maia.