Kim: Equipe de Mourão articula na Câmara para eventual saída de Bolsonaro
O deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) disse hoje que interlocutores do vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) estão se articulando na Câmara para um eventual impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Ele não se aprofundou no assunto, se limitando a dizer que um assessor do general já conversa com parlamentares, e se posicionou a favor do afastamento de Bolsonaro.
"Só existe impeachment quando o vice-presidente já formou um novo governo e uma nova Esplanada dos Ministérios, coisa que Hamilton Mourão sinaliza que está disposto a fazer", disse Kataguiri, sem dar mais detalhes sobre essa suposta movimentação do general. Questionado, o deputado apenas acrescentou que Mourão "envia interlocutores para dialogar no Congresso".
A declaração, feita durante entrevista ao "Morning Show", da Rádio Jovem Pan, é semelhante à apuração publicada hoje por O Antagonista. Segundo o site, um assessor do vice-presidente está tentando marcar conversas com lideranças de partidos para avaliar a possibilidade de impeachment de Bolsonaro e, assim, "estar preparado" para o que quer que aconteça.
Citando um deputado do MDB, mas sem revelar seu nome, Kataguiri afirmou que o impeachment não é sobre derrubar um presidente, mas sim substituir o governo. Ele ainda rejeitou a tese de que um novo processo — que seria o terceiro desde a redemocratização — causaria instabilidade político-econômica, exaltando os períodos pós-impeachment no Brasil.
"As pessoas parecem se esquecer que os dois períodos mais reformistas que a gente teve na Nova República, desde 1988, foram períodos pós-impeachment. Primeiro o Plano Real, do governo Itamar [Franco], e depois o governo [Michel] Temer, com a implementação do teto de gastos, reforma do ensino médio, fim do imposto sindical, reforma trabalhista...", listou.
Ambos os períodos de estabilidade econômica e política que nós tivemos no nosso país vieram depois de se punir um presidente da República por crime de responsabilidade. O processo de impeachment é antirrevolucionário, é a saída institucional, o remédio constitucional para o presidente que comete crime para evitar que se haja um mal maior. Kim Kataguiri (DEM-SP), deputado federal
64 pedidos
Ontem, seis partidos de oposição — PT, PSDB, PDT, PSOL, PCdoB e Rede Sustentabilidade — apresentaram um novo pedido de impeachment contra Bolsonaro. Desta vez, a ação é baseada em 15 crimes supostamente cometidos pelo presidente durante a pandemia.
As siglas entendem que Bolsonaro descumpriu a Constituição ao não garantir o direito à saúde, ignorando diretrizes fixadas em lei sobre o enfrentamento à covid-19 e minimizando sua gravidade e a letalidade do vírus. O pedido ainda cita a produção, compra e divulgação de medicamentos comprovadamente ineficazes contra a doença, como é o caso da hidroxicloroquina.
Com isso, chegou a 64 o número de pedidos de impeachment contra Bolsonaro apresentados desde o início do governo. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já arquivou cinco destes por questões regimentais.
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