Rodrigo Maia chora ao fazer último discurso como presidente da Câmara
O deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ) se emocionou ao fazer o seu último discurso como presidente da Câmara dos Deputados, na noite de hoje. Ele se disse "honrado" em presidir a Casa por mais de 4 anos e foi aplaudido por colegas parlamentares.
"Eu me preparei para não chorar", disse ele, enquanto enxugava as lágrimas com lenço. "Foi uma honra que tive pelos últimos 4 anos e 7 meses. Onde eu tive a oportunidade de conhecer o meu país, através (pausa, choro) de cada um de vocês. Através de diálogos, visitas, conversas na Câmara. Através dos deputados, conheci melhor a nossa realidade e os nossos desafios", completou.
Em seu discurso, Maia também falou sobre os desafios e dificuldades enfrentados pelo parlamento durante a pandemia da covid-19, iniciada em março do ano passado.
"De todos os anos, o que foi mais desafiador para todos nós foi o ano passado, o ano da pandemia, onde em uma semana se construiu um sistema de votação remota para que a Câmara dos Deputados tivesse a condição de liderar e construir em conjunto os projetos que garantiram as condições para o enfrentamento da pandemia", ressaltou.
Durante os quatro anos e meio em que esteve no comando, Maia priorizou a tramitação de temas econômicos, abafou os pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e barrou denúncias contra o ex-presidente Michel Temer (MDB), além de imprimir maior protagonismo ao Poder Legislativo.
Filho do ex-prefeito e vereador do Rio de Janeiro Cesar Maia, o deputado está em seu sexto mandato na Câmara. Foi eleito pela primeira vez em 1998. Assumiu a presidência da Casa para um mandato tampão após a renúncia de Eduardo Cunha (MDB-RJ), cassado pelos colegas e preso na operação Lava Jato.
Quando foi eleito para o cargo, o país já estava sob comando de Temer e o Senado, prestes a confirmar o impeachment de Dilma Rousseff (PT).
Em 2017, Maia conseguiu se reeleger apesar da proibição constitucional a uma reeleição no mesmo mandato. Teve anuência do STF (Supremo Tribunal Federal), que entendeu que o mandato tampão não poderia ser usado como empecilho.
Em 2019 — já em uma nova legislatura e, portanto, com novo mandato como deputado — teve direito a outra reeleição como presidente da Câmara. Mas dessa vez, provocado pelo PTB, o Supremo Tribunal Federal, decidiu que ele não teria direito a nova reeleição.
Leia último discurso de Maia como presidente da Câmara
Nós precisaremos estar unidos, eu no plenário, com muito orgulho, com cada um de vocês, construindo o futuro do Brasil, não pelos próximos dois anos, mas pelos próximos 20 anos.
De todos os anos, o que foi mais desafiador para todos nós foi ao ano passado, o ano da pandemia, onde em uma semana se construiu um sistema de votação remota para que a Câmara dos Deputados tivesse a condição de liderar —e construir— em conjunto os projetos que garantiram as condições para o enfrentamento da pandemia.
A 'PEC da Guerra' foi uma construção dessa Casa e tive muito orgulho, porque nunca tinha conseguido colocar nesse painel, do PSL ao Psol, onde tivemos votos de todos os partidos, todos unidos num momento tão difícil que nós vivemos no ano passado (e vamos continuar vivendo nesse ano).
Quero do fundo do meu coração agradecer a cada um de vocês essa oportunidade que é única para quem faz política, quem sabe que através da política que temos condição de mudar esse país. Um país injusto, digo aos de esquerda e direita, o governo federal, nos seus três poderes. Porque ele concentra renda na elite dos servidores públicos. E tenho certeza que todos que estão aqui, do PSL, que são ligados ao Bolsonaro, que batem em mim de forma democrática, à esquerda, todos nós sabemos que não é esse Estado que chegamos aqui para defender.
Tenho certeza que nós sabemos que o nosso Estado é concentrador de renda e não distribuidor de renda. São essas injustiças que fazem o Brasil ser tão desigual, porque o Estado concentra, nas mãos da elite do serviço público, na elite do setor privado, as riquezas que nós brasileiros que aqui representamos geramos todos os anos.
Esses são nossos desafios: a vacina, o enfrentamento à segunda onda da pandemia, mas, mais do que isso, é gerar condições para que os brasileiros sejam mais iguais, que a escola pública seja tão boa quanto a privada, que a vida numa UTI [Unidade de Terapia Intensiva] pública tenha a mesma chance de salvar uma vida que a UTI de um hospital privado.
Hoje 70% da pessoas que entram na UTI de um hospital privado são salvas. Já no hospital público, apenas 35%. É disso que nós precisamos tratar.
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