Líder do governo diz que auxílio emergencial não voltará como era antes
Líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP) afirmou que o auxílio emergencial não voltará a ser pago como foi no ano passado. Segundo ele, é preciso haver uma revisão na forma de pagamento do benefício, que foi criado durante a pandemia de covid-19.
"Não temos mais decreto de calamidade pública e orçamento de guerra. Isso pressupõe que não teremos auxílio emergencial no formato que foi entregue. O governo vai atender as pessoas que não estão podendo desempenhar sua atividade econômica por conta da pandemia, mas hoje são muito menos pessoas que dependem de fato. O atendimento não pode ser individual. Tivemos quatro pessoas da mesma família recebendo. É preciso haver revisão", analisou Barros em entrevista ao jornal Valor Econômico.
Barros explicou que os Ministérios da Cidadania e da Economia estão analisando como será esse novo auxílio emergencial, para que se encaixe no plano fiscal do governo. E mostrou otimismo sobre a aprovação da proposta.
"O desenho inicial era criar espaço fiscal a partir da PEC Emergencial. Esse é um caminho, mas equipe econômica e Parlamento podem ter outras ideias. Havendo equação harmônica, rapidamente a proposta passa", apostou Barros.
O governo de Jair Bolsonaro (sem partido) tem apontado que as reformas tributária e administrativa são prioridades para os próximos meses. Barros não falou muito sobre a tributária. Apenas disse que espera o relatório de Aguinaldo Ribeiro (Progressistas), que juntou diferentes propostas da Câmara. Já a reforma administrativa gerou mais otimismo do líder do governo.
"Vamos votar a admissibilidade, criar comissão especial e preparar para o plenário. Será mais fácil que a tributária, porque só atinge futuros servidores, então é matéria mais tranquila, tende a andar mais rápido. A tributária atinge todo mundo no dia a dia", comparou o líder do governo.
Barros nega que assumirá a Saúde
Barros também negou que haverá uma reforma ministerial e disse que não pretende assumir o Ministério da Saúde, como já foi especulado.
Em relação a um possível processo de impeachment contra Jair Bolsonaro, que foi pedido por parte da população recentemente, Barros acredita que não é possível. Mas admitiu que existe a possibilidade de criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito). A oposição tem articulado a criação da comissão para analisar as ações do governo federal no combate à pandemia de coronavírus.
"Não tem clima para impeachment. Não é porque é outro presidente da Câmara, o Maia também não fez. Agora as CPIs depende, precisa de um terço só dos parlamentares, então pode acontecer, mas o ideal é a gente cuidar das coisas que são urgentes, que são os marcos regulatórios para gerar emprego", pediu Barros.
Líder diz não ver problema em Bia Kicis comandar CCJ
Outro assunto que tem causado polêmica na Câmara é a indicação da deputada Bia Kicis (PSL) para a presidência da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). Barros defendeu essa possibilidade, porque, segundo ele, Bia não poderia ser autoritária no cargo.
"A Bia Kicis preside um colegiado, nem vota. Qual é o prejuízo que ela pode causar? Para ela tomar uma atitude que desagrade alguém, ela precisa convencer mais da metade. Não vejo problema. Aqui nessa casa, postura autoritária tem preço alto a pagar. Vocês acabaram de assistir um exemplo disso", concluiu Barros, se referindo à derrota de Baleia Rossi (MDB), candidato do presidente anterior da Câmara, Rodrigo Maia (DEM).
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