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ACM Neto e Caiado rebatem críticas de Maia: "descontrole" e "internação"

Presidente nacional do DEM, ACM Neto diz que Rodrigo Maia "encastelou no poder conquistado e, agora, demonstra surpreendente descontrole" - Fátima Meira/Futura Press/Estadão Conteúdo
Presidente nacional do DEM, ACM Neto diz que Rodrigo Maia "encastelou no poder conquistado e, agora, demonstra surpreendente descontrole" Imagem: Fátima Meira/Futura Press/Estadão Conteúdo

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

08/02/2021 13h22Atualizada em 08/02/2021 16h50

Após serem duramente criticados pelo ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) em entrevista ao jornal Valor Econômico, o presidente nacional do DEM, Antonio Carlos Magalhães Neto, e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), rechaçaram ter havido "traição" da direção do partido a ele ou uma adesão da sigla ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante a eleição para a escolha do novo presidente da Casa.

Em nota, ACM Neto disse que Maia se "encastelou no poder conquistado e, agora, demonstra surpreendente descontrole". Além disso, afirmou que "dá pena vê-lo deixar, de forma tão lamentável, a posição de liderança que exerceu".

Caiado afirmou que Maia foi acometido pela "síndrome da ansiedade de poder" e foto escolhida pelo jornal para ilustrar a matéria "identifica a face de desequilíbrio do paciente".

A sua entrevista não deve ser considerada pela classe política porque é indicadora de internação hospitalar.
Ronaldo Caiado, sobre Rodrigo Maia

O candidato apoiado por Bolsonaro, Arthur Lira (PP-AL), venceu o pleito interno com 302 votos a seu favor. Baleia Rossi (MDB-SP), nome apoiado por Maia para ser seu sucessor, ficou em segundo lugar com 145 votos. Nos dias anteriores à eleição, a direção do DEM decidiu não mais ficar ao lado apenas de Baleia e permitiu que seus deputados federais votassem como preferissem. Antes disso, vários deputados do DEM já haviam anunciado suporte a Lira, contra a vontade de Maia.

Segundo Maia, a decisão do DEM acabou com os objetivos do partido de construir um projeto nacional, inclusive em torno de uma candidatura presidencial do apresentador da TV Globo Luciano Huck.

O deputado reafirmou que deixará o partido após se sentir traído por ACM Neto, pois, segundo ele, o ex-prefeito de Salvador havia dado sua palavra que o DEM apoiaria a candidatura de Baleia, mas recuou. Maia também criticou Caiado por defender o bloco de Baleia, mas articular nos bastidores em favor de Lira. Segundo Maia, faltou "caráter" aos dois correligionários.

Maia joga no DEM uma conta que não é nossa, diz ACM

Tanto ACM Neto quanto Caiado afirmaram que Maia pretendia se recandidatar à Presidência da Câmara, mas acabou sendo proibido depois de decisão do STF (Supremo Tribunal Federal). A partir daí, alegam, Maia não conseguiu articular bem o nome de Baleia e fracassou. Portanto, a culpa pela derrota de Maia e Baleia na eleição não deve ser transferida à Presidência do DEM, defendem.

Para Caiado, Maia "achou que era proprietário das decisões de todos os deputados do Democratas e dos demais da Câmara" e, "ao reagir desta maneira, desrespeitou toda a bancada de um partido que sempre lhe deu apoio nos momentos mais difíceis".

A mais grave de todas as falácias de sua narrativa é exatamente a de procurar jogar no colo do Democratas uma conta que não é nossa. Ganhar e perder é próprio da vida e da política e, no entanto, as atitudes de Rodrigo Maia lembram os tristes exemplos de políticos que se recusam a reconhecer derrotas e não querem se desapegar do poder.
ACM Neto, sobre Rodrigo Maia

"Torço muito para que o deputado Rodrigo Maia reencontre o equilíbrio e a serenidade. Rodrigo Maia foi um presidente da Câmara importante para o Brasil e dá pena vê-lo deixar, de forma tão lamentável, a posição de liderança que exerceu", completou o presidente do DEM.

Líder do DEM defende ACM

O líder do DEM na Câmara, deputado Efraim Filho (DEM-PB), saiu em defesa de ACM Neto e afirmou que faltou a Maia o apoio da maioria da bancada para compor o bloco de centro-esquerda na disputa e, ao não ouvir os demais colegas, "se viu isolado e perdeu o comando do processo, e muitas vezes o alertamos sobre essa dificuldade".

Na entrevista, Rodrigo tenta injustamente terceirizar a responsabilidade pela ruína do bloco, não faz sua autocrítica e nem assume a sua mea culpa. É injusto colocar em nossa conta a derrota do seu candidato à sucessão.
Efraim Filho, sobre Rodrigo Maia

Para Efraim Filho, o momento agora é de se focar no trabalho da Câmara em 2021 e "eleições serão discutidas em 2022".

"Rodrigo Maia e o Democratas entraram juntos para a história do país, tem nosso respeito por esses momentos marcantes desta parceria, porém com o anúncio de sua saída deixa claro que chegou ao fim de um ciclo no partido, e esta decisão ajudará a pacificar o Democratas", concluiu.