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Alex Manente: Moro e Huck seriam a grande alternativa para o Brasil em 2022

Ana Caratchuk e Letícia Lázaro

Colaboração para o UOL e do UOL, em São Paulo

10/03/2021 11h35

Na avaliação do deputado federal Alex Manente (Cidadania-SP), os nomes mais capazes de tirar o Brasil de uma polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e um candidato do PT na disputa pela Presidência em 2022 seriam o ex-juiz Sergio Moro e o apresentador de TV Luciano Huck. Para ele, essa seria a "chapa dos sonhos".

"Trabalhar pela unidade Moro e Huck seria a grande oportunidade de nós termos, de fato, uma candidatura alternativa à polarização Bolsonaro-PT", afirmou o parlamentar durante participação no UOL Entrevista, conduzido pelos repórteres do UOL Luciana Amaral e Guilherme Mazieiro.

Classificados como nomes de centro, Moro e Huck vêm sendo ventilados como possíveis candidatos à Presidência em 2022. Até o momento, nenhum dos dois confirmou oficialmente ter a intenção de concorrer. Nos bastidores, especula-se que Huck possa se filiar ao Cidadania, ao DEM ou ao PSB, caso decida disputar a corrida pelo Planalto.

Manente, no entanto, destacou que é "muito difícil" convencer Moro e Huck "a estarem no processo". "Na minha opinião, não necessariamente eles precisam ser candidatos para fortalecer uma chapa", afirmou.

"Se tiver uma unidade de projeto onde eles possam participar e demonstrar isso à sociedade, ninguém precisa ser vice. Um pode trabalhar em uma candidatura, buscando agregar num vice em outro partido, mas é uma chapa dos sonhos, obviamente seria uma chapa muito competitiva", disse ainda.

STF e visões políticas

Na entrevista, Manente afirmou ainda que a decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin, que na última segunda-feira (8) anulou todas as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no âmbito da Operação Lava Jato do Paraná, evidencia que a Corte vem agindo de forma política no Brasil.

Na avaliação do parlamentar, a Corte vem mudando de entendimento em alguns casos de acordo com as fases políticas do país, "o que é um verdadeiro absurdo". "A Suprema Corte não pode entender em determinando momento que é conveniente e em outro momento que não é", disse o deputado.

"Se nós temos uma anulação desse processo do ex-presidente Lula, seria injusto falar também que ele não deveria estar no processo eleitoral presidencial passado. Ou seja, nós começamos a entender que o Supremo tem visões políticas, e essas visões são colocadas nos julgamentos e nas mudanças de entendimento, o que é grave", afirmou ainda. O deputado é autor da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que possibilita a prisão após condenação em 2ª instância, hoje proibida por decisão do STF, que modificou seu entendimento sobre o caso em 2019.

Abuso na Lava Jato

Questionado sobre a influência da revelação de mensagens trocadas entre Moro e procuradores da Lava Jato na mudança de posicionamento de ministros do STF, Manente afirmou que as provas dos abusos apontados pelas conversas foram obtidas de forma ilegal.

As conversas, reveladas inicialmente pelo site The Intercept Brasil, foram também divulgadas após o levantamento do sigilo de material apreendido na Operação Spoofing, que teve como alvo hackers que invadiram os celulares de autoridades, entre eles o ex-ministro Sergio Moro.

"Podemos até entender que determinados abusos foram cometidos pela Lava Jato, mas esses abusos estão em provas ilegais. Essas provas não podem caber na avaliação do voto", disse o deputado.

Para ele, há um "movimento político de fato" de enfraquecimento da Lava Jato. "Além disso, há uma vontade clara de não potencializar qualquer ação do ex-ministro Moro politicamente".

Imunidade parlamentar

Manente afirmou ainda ser necessário estabelecer um limite para a imunidade parlamentar —o que, na avaliação dele, deve ser decidido pelo Congresso. Recentemente, o deputado Daniel Silveira, eleito pelo PSL no Rio de Janeiro, foi preso após fazer uma série de ameaças ao STF e defender o AI-5.

"Na minha opinião, a imunidade não precisa ultrapassar apenas a fala ideológica no parlamento, acho que mais que isso o deputado não tem que ter direito. E eu defendo o foro privilegiado, algo que o Congresso precisa definir. Não é possível ter mais de 55 mil pessoas com foro no nosso país", afirmou.

Pandemia

O deputado ainda classificou como "lamentável" a atuação do governo federal no combate à pandemia do coronavírus no país.

"Desde o início [houve] a ironização com o risco da doença, a falta de cronograma, a falta de investimento de maneira adequada. Porque é verdade, nós aqui [no Congresso] aprovamos muitos recursos pra estados e municípios pra pandemia, só que sem nenhum direcionamento [por parte do governo federal]. Sem nenhuma organização, sem nenhuma diretriz, daquilo que era a preocupação", disse o parlamentar.

Manente afirmou que apesar de haver um problema grave de falta de vacinas em todo o mundo, o Brasil ainda fica para trás por estar com índices muito baixos de imunização, "e só a vacinação vai resolver o problema que nós temos".

Ao citar casos de colapso dos sistemas de saúde em cidades brasileiras, o parlamentar declarou que, apesar de a responsabilidade total não ser apenas do presidente da República, "grande parte do problema é a falta de planejamento no enfrentamento à pandemia".