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Vamos pensar na frente ampla para 2022, mas 'mais para frente', admite Lula

Arthur Stabile, Afonso Ferreira, Lucas Borges Teixeira, Nathan Lopes e Stella Borges

Do UOL, em São Paulo e São Bernardo do Campo (SP), e Colaboração para o UOL, em São Paulo

10/03/2021 13h22Atualizada em 10/03/2021 15h14

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou que pode ser candidato em 2022 ou integrar uma frente ampla de esquerda, mas coloca essa discussão "mais para frente". Apesar de considerar a união de quadros e partidos de esquerda como "possível", o petista defende primeiro ações para combater o governo de Jair Bolsonaro (sem partido).

"Nós vamos discutir se vai ter candidato de frente ampla, se vai ter um candidato do PT, mas aí é mais para frente. Nós temos muita coisa para fazer antes de pensar em nós mesmos", explicou Lula, que afirma ter sido vítima da "maior mentira jurídica em 500 anos" de Brasil.

Segundo o ex-presidente, é preciso sair da esfera dos partidos de esquerda para considerar, de fato, a união como uma frente ampla. "Sinceramente, vejo muita gente falar de frente ampla, de PT, PSOL, PSB... Isso é de esquerda, não tem anda de amplo. Fazemos desde 1989. Frente ampla é se tivermos capacidade de conversar com outras forças políticas que não estão no espectro da esquerda. É possível? É", sustenta Lula.

O político fez um pronunciamento hoje em São Bernardo do Campo (SP) e comentou a respeito da decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin, na última segunda-feira (8), de anular as condenações contra ele em processos da Operação Lava Jato.

Lula não vê dificuldade para alianças

O ex-presidente considera normal seu nome ser citado como possível concorrente e não vê problemas em negociar. "Quem senta numa mesa para jantar com cinco filhos e os vê brigando por um bife a mais e tem que fazer conciliação para eles se contentarem, sabe, não tem dificuldade em construir aliança quando chegar o momento", disse.

Para ele, é preciso primeiro "andar o país", citando políticos como Flávio Dino (PCdoB), governador do Maranhão, e Guilherme Boulos (PSOL), derrotado no 2º turno da eleição para prefeitura de São Paulo.

"Para discutir candidatura será bem para frente", acrescentou pedindo para que nomes levantados pela esquerda não troquem farpas. "Se nos preocuparmos com ataques menores, com críticas menores, não construiremos a possibilidade de uma aliança política. Por isso temos que temos de ter paciência", afirmou.

Respostas a Ciro e Huck

Em meio à discussão sobre frente para 2022, o petista aproveitou para responder Ciro Gomes (PDT), dizendo que ele precisa se "reeducar". Ontem, o ex-governador do Ceará declarou que Lula deveria ser inocentado, mas não o considera "honesto". "O Ciro Gomes precisa assumir a responsabilidade de que ele é um homem de 64 anos de idade, não pode falar as meninices que achava engraçado quando jovem", disparou Lula.

Adiante, Lula relembrou a aliança com José Alencar, seu candidato a vice-presidente na eleição de 2002. Segundo ele, é preciso dialogar com empresários e não ficar restrito ao universo da esquerda para se formar uma candidatura. "Tem tempo para tudo. Não podemos responder à insistência da imprensa para dizer se temos candidato agora", disse.

Outra resposta do ex-presidente envolve crítica do apresentador da TV Globo Luciano Huck, que publicou em sua rede social que "figurinha repetida não completa álbum", ao se referir a recuperação dos direitos políticos de Lula.

"Ele não conhece figurinha, porque quando ele falou que figurinha repetida não vale nada, ele não sabe que figurinha repetida carimbada vale por um álbum inteiro. Ele não sabe", disparou. " Pô, fiquei tão chateado, um cara que considero um cara bom de TV, um menino que progrediu na vida", acrescentou.