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Pronunciamento de Bolsonaro sobre combate à covid-19 está atrasado, diz FNP

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez um pronunciamento ontem sobre a gestão da pandemia no Brasil - Mateus Bonomi/AGIF/Estadão Conteúdo
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez um pronunciamento ontem sobre a gestão da pandemia no Brasil Imagem: Mateus Bonomi/AGIF/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

24/03/2021 13h49Atualizada em 24/03/2021 14h03

A Frente Nacional de Prefeitos (FNP) afirma que o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) da noite desta terça-feira (23) "está atrasado e no enfrentamento à pandemia".

O grupo, composto por gestores e gestoras municipais de todo o país, alega em nota emitida hoje que a solidariedade do presidente faria sentido "há seis ou oito meses", quando os números de casos da covid-19 começaram a evoluir com mais velocidade no país.

Agora, se apresenta como um discurso vazio e não expressa confiança. Mas, de sua fala, com muitos pontos que distorcem os fatos e posições do governo federal durante a pandemia, o que mais se destaca são os silêncios. O presidente deixou de falar de assuntos importantes e inescapáveis como lockdown, isolamento, escassez de medicamentos e de oxigênio. Além disso, as erráticas decisões sobre aquisições e a enorme descredibilidade de seus repetidos argumentos contrários às vacinas agravam o cenário Frente Nacional de Prefeitos (FNP)

A entidade municipalista que representa municípios acima de 80 mil habitantes e regiões metropolitanas apontou que o Brasil optou apenas pela compra da cota mínima de vacinas no consórcio global Covax Facility, quando seria possível contar com ao menos quatro vezes mais. Na visão da FNP, "esses posicionamentos e ações estão levando o país a uma situação vexatória e caótica".

Ontem, o Brasil atingiu a marca de 3 mil mortos pela covid-19, maior índice de vítimas fatais desde que a pandemia teve início em março de 2020. O presidente Jair Bolsonaro mudou o tom do discurso durante o pronunciamento da noite desta terça-feira (23), e explicou que "2021 será o ano da vacinação dos brasileiros".

Horas antes do discurso, o Ministério da Saúde divulgou um novo cronograma que apontava para a redução de 10 milhões de doses que seriam entregues em abril. Agora, a pasta prevê 47,2 milhões de doses.

Na contramão do discurso de Bolsonaro, a FNP disse que falta coordenação nacional diante do gerenciamento da pandemia e que as mudanças de posicionamento evidenciam a baixa confiabilidade na condução da saúde pelo governo federal. A entidade criticou o fato de Bolsonaro não ter citado no pronunciamento a nomeação do novo ministro da Saúde, o cardiologista Marcelo Queiroga, que assumiu a gestão no lugar de Eduardo Pazuello.

"Ontem o presidente declarou que 'em nenhum momento o governo deixou de tomar medidas importantes tanto para combater o coronavírus como para combater o caos na economia, que poderia gerar desemprego e fome'. Evidentemente que as consequências econômicas e sociais da pandemia são visíveis, mas as atitudes governamentais empurram para um cenário ainda pior. Controlar a pandemia é que proporcionará a retomada econômica", diz a FPN.

Os prefeitos e prefeitas alegaram que é dever da União ajudar os pequenos empresários e gerar a retomada da economia com urgência. "Não há escolha entre a vida e a economia. Mortos não produzem e não consomem. É preciso salvar os cidadãos para salvar o país", finaliza a nota da FNP.

Bolsonaro anuncia comitê após um ano de pandemia

O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta quarta-feira (24) a criação de um comitê para coordenar ações contra a covid-19 no Brasil. A medida foi implementada após um ano do início da maior crise sanitária que o país já atravessou.

A formação do grupo ocorreu durante uma reunião de Bolsonaro com os presidentes do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), do procurador-geral da República, Augusto Aras, governadores e ministros.

Em um pronunciamento para a imprensa no Palácio da Alvorada, em Brasília, Bolsonaro disse que "mais do que harmonia, imperou a solidariedade e a intenção de minimizar os efeitos da pandemia". O presidente chegou a citar que, agora, a vida está "em primeiro lugar".