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'Não sou olavista', diz embaixador que foi cotado para substituir Araújo

Colaboração para o UOL

29/03/2021 19h13

O embaixador do Brasil na França, Luis Fernando Serra, chegou a ser cotado por Jair Bolsonaro (sem partido) para substituir Ernesto Araújo, que deixou hoje o Ministério das Relações Exteriores. Serra negou ser "ideológico" ou "olavista" e afirmou que se identifica com o que chama de "centro-direita europeia". A entrevista ao jornal O Globo ocorreu antes da confirmação do nome do diplomata Carlos Alberto Franco França para o comando do ministério.

Com o nome ventilado em Brasília, surgiram opiniões e críticas a respeito do embaixador. "Tem gente querendo me associar a Olavo de Carvalho. Com todo o respeito ao trabalho desse senhor, nunca li nada dele e nunca chegamos a ser apresentados", disse.

Serra argumentou, ainda, que, por conhecer bem a União Soviética, está "bem longe de ser de esquerda". "Servi na embaixada em Moscou de 1988 a 1991 e fiz minha tese para o CAE sobre a perestroika", disse, em referência às reformas econômicas empreendidas por Michael Gorbachev nos anos 1980. A tese do CAE (Curso de Altos Estudos do Itamaraty) é requisito para a promoção dos diplomatas de conselheiro a ministro de segunda classe.

Em relação à China, Serra defende que o país deve procurar uma relação "construtiva", na qual a China passe a comprar, investir e agregar mais valor "àquilo que compra do Brasil". Isso porque o país é "um dos maiores sócios" brasileiros.

"Como fazer se a China não se dispuser a comprar de nós a maior parte da soja que produzimos? Para quem vamos vender? Como vamos ser agressivos com um país que proporciona cerca de 30 bilhões de dólares de superávit? No hemisfério ocidental, não conheço outro país com esse superávit com a China", disse, e completou: "e essa boa relação, claro, se estende à questão da aquisição de vacinas".