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Após Ernesto, Salles deve ser o próximo a sair, diz vice-líder do Cidadania

Salles é alvo de pressão envolvendo acordo UE-Mercosul e política ambiental; hoje, Ernesto pediu demissão do Itamaraty - Arthur Max/AIG-MRE
Salles é alvo de pressão envolvendo acordo UE-Mercosul e política ambiental; hoje, Ernesto pediu demissão do Itamaraty Imagem: Arthur Max/AIG-MRE

Do UOL, em São Paulo

29/03/2021 14h58Atualizada em 29/03/2021 15h06

Após Ernesto Araújo pedir demissão do posto de ministro das Relações Exteriores, o vice-líder do Cidadania na Câmara, Daniel Coelho (PE), disse esperar que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, tenha o mesmo destino do chanceler.

"Agora, o próximo é Salles, que precisa sair para que o Brasil volte a dialogar com o mundo democrático", afirmou, que também disse esperar que Bolsonaro coloque "alguém com capacidade" no comando do Itamaraty.

"As relações exteriores devem ser pautadas pelo equilíbrio e pela moderação. Ele (Ernesto Araújo) foi o exemplo de tudo o que não deve ser feito. Atacou nações, culturas, atacou a verdade e, por fim, agrediu o Senado Federal", acrescentou.

Pressionado pelo Senado por conta, sobretudo, de dificuldades na aquisição de vacinas contra a covid-19 no exterior, Ernesto Araújo já avisou aos colegas do Itamaraty que vai pedir demissão do posto de ministro.

Ontem, como último ato no posto, Ernesto foi ao Twitter para alfinetar a senadora Kátia Abreu (PP-TO), relacionando a atuação da parlamentar com um suposto lobby a favor da China nas negociações para a implementação do 5G no Brasil.

A pressão pela saída de Ernesto vinha ganhando corpo desde a última quarta-feira (24), quando, em audiência no Senado, Ernesto foi cobrado pelos membros da Casa, que entendiam a atual política diplomática brasileira como prejudicial na luta contra a covid-19.

Mais cedo, em entrevista à GloboNews, ao dar sua versão sobre uma reunião com Ernesto no início do mês, Kátia Abreu, que preside Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal, disse que alertou o chanceler sobre a questão do desmatamento na Amazônia.

Segundo Kátia, a questão da Amazônia, que é trata centralmente por Salles e a pasta do Meio Ambiente, foi levantada porque o desmatamento "ia impedir o acordo do Mercosul (Mercado Comum do Sul) com a UE (União Europeia)". "Precisava mudar a narrativa", afirmou.

Dialogado ao longo dos últimos 20 anos por autoridades dos dois blocos, o acordo entre o Mercosul e a UE se encontra travado devido aos protestos, sobretudo da França, contra a política ambiental brasileira.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.