Após Ernesto, Salles deve ser o próximo a sair, diz vice-líder do Cidadania
Após Ernesto Araújo pedir demissão do posto de ministro das Relações Exteriores, o vice-líder do Cidadania na Câmara, Daniel Coelho (PE), disse esperar que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, tenha o mesmo destino do chanceler.
"Agora, o próximo é Salles, que precisa sair para que o Brasil volte a dialogar com o mundo democrático", afirmou, que também disse esperar que Bolsonaro coloque "alguém com capacidade" no comando do Itamaraty.
"As relações exteriores devem ser pautadas pelo equilíbrio e pela moderação. Ele (Ernesto Araújo) foi o exemplo de tudo o que não deve ser feito. Atacou nações, culturas, atacou a verdade e, por fim, agrediu o Senado Federal", acrescentou.
Pressionado pelo Senado por conta, sobretudo, de dificuldades na aquisição de vacinas contra a covid-19 no exterior, Ernesto Araújo já avisou aos colegas do Itamaraty que vai pedir demissão do posto de ministro.
Ontem, como último ato no posto, Ernesto foi ao Twitter para alfinetar a senadora Kátia Abreu (PP-TO), relacionando a atuação da parlamentar com um suposto lobby a favor da China nas negociações para a implementação do 5G no Brasil.
A pressão pela saída de Ernesto vinha ganhando corpo desde a última quarta-feira (24), quando, em audiência no Senado, Ernesto foi cobrado pelos membros da Casa, que entendiam a atual política diplomática brasileira como prejudicial na luta contra a covid-19.
Mais cedo, em entrevista à GloboNews, ao dar sua versão sobre uma reunião com Ernesto no início do mês, Kátia Abreu, que preside Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal, disse que alertou o chanceler sobre a questão do desmatamento na Amazônia.
Segundo Kátia, a questão da Amazônia, que é trata centralmente por Salles e a pasta do Meio Ambiente, foi levantada porque o desmatamento "ia impedir o acordo do Mercosul (Mercado Comum do Sul) com a UE (União Europeia)". "Precisava mudar a narrativa", afirmou.
Dialogado ao longo dos últimos 20 anos por autoridades dos dois blocos, o acordo entre o Mercosul e a UE se encontra travado devido aos protestos, sobretudo da França, contra a política ambiental brasileira.
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