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Delator diz que avisou Witzel que Pastor Everaldo montou caixa de propina

Pastor Everaldo (PSC) - Reprodução/TVAparecida
Pastor Everaldo (PSC) Imagem: Reprodução/TVAparecida

Igor Mello

Do UOL, no Rio

07/04/2021 15h14Atualizada em 07/04/2021 16h20

Edmar Santos, ex-secretário estadual de Saúde do Rio de Janeiro, disse hoje em depoimento no Tribunal Especial Misto —que julga pedido de impeachment de Wilson Witzel (PSC)— que avisou o governador afastado do Rio sobre um suposto esquema de corrupção na saúde comandado por Pastor Everaldo, cacique do PSC.

O ex-secretário relatou que Everaldo e o empresário Edson Torres mantinham grande influência na pasta e montaram um caixa único de propina na Saúde. Segundo Edmar, Witzel foi alertado e não tomou providências.

"Disse que o grupo do Pastor Everaldo e do Edson Torres estavam passando dos limites e comprometendo o funcionamento dos hospitais", disse o ex-secretário.

Em um momento tenso, Witzel —que acompanha o depoimento— questionou: "E qual foi a resposta que eu te dei?". Edmar respondeu: "O senhor disse que ia conversar com o Pastor Everaldo".

Witzel então se exaltou e tentou rebater a afirmação, mas acabou repreendido pelo presidente do Tribunal Misto, o desembargador Henrique Figueira.

Pastor Everaldo foi convocado pelo Tribunal Misto em dezembro, quando pediu clemência, chorou e disse não ter condições de prestar depoimento. O ex-presidente do PSC só respondeu a uma pergunta. Quando perguntado se confirmava informação que consta na delação de Edmar Santos, de que ele teria recebido R$ 15 mil das mãos de Witzel, Everaldo negou. "Nunca recebi R$ 15 mil ou qualquer dinheiro do governador Witzel."

Proibição de imagens

O depoimento de Edmar Santos já dura uma hora e 40 minutos e ocorre sem nenhum tipo de gravação de imagem ou som, por força de uma decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça).

O ex-secretário entrou no local coberto por um tecido vermelho, para que não fosse visto pelos jornalistas.

Edmar chegou a ser preso por participação no esquema e firmou uma delação premiada com a PGR (Procuradoria-Geral da República). Ele devolveu às autoridades cerca de R$ 8 milhões em dinheiro vivo desviado da saúde.