Witzel diz que identificou chefe de esquema na Saúde e destitui defesa
O governador afastado do Rio, Wilson Witzel (PSC), disse hoje ter identificado o chefe do esquema investigado por fraudar licitações e contratos com OSs (Organizações Sociais) na Secretaria Estadual de Saúde. Witzel deve ser interrogado hoje (7) pelo Tribunal Especial Misto, que julga o pedido de impeachment contra ele.
"Nos depoimentos do [empresário] Edson Torres e do [ex-secretário da Saúde] Edmar Santos, eu identifiquei quem é o chefe da organização criminosa. Não foi ouvido ainda um dos participantes dessa organização criminosa, que segundo o Edson é o Zé Carlos. Ele foi apresentado ao Edmar para que ele fizesse parte dessa distribuição de caixinha dentro da Secretaria de Saúde, e da qual eu não faço parte. Essa pessoa se chama José Carlos", disse Witzel, sem informar o sobrenome da pessoa.
O governador afastado foi denunciado pelo Ministério Público Federal e se tornou réu pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele é acusado de envolvimento em desvios de recursos na área da saúde do Rio durante a gestão da pandemia. O suposto envolvimento de Witzel foi apontado na delação do ex-secretário de Saúde Edmar Santos, que é ouvido hoje no Tribunal.
Witzel tentou hoje adiar a sessão após ter destituído sua defesa. O Tribunal negou o pedido. Ele atribuiu a mudança a uma divergência sobre qual deveria ser a linha de defesa, já que ele quer explorar o papel de José Carlos, citado por ele hoje.
"Houve uma divergência entre os meus advogados que acharam que esse não era o caminho a ser seguido, mas eu entendo que é o caminho. E, ontem à noite, nós entendemos que deveria ser constituída uma nova defesa", afirmou.
Witzel disse ainda que seu "objetivo não é procrastinar processo, mas esse é não é o julgamento de uma pessoa, não de uma pessoa física, nós estamos julgando um governo. Ao final desse processo é o fim da esperança de mais de 4 milhões e 600 mil eleitores e tantos outros fluminenses que acreditam e continuam acreditando que é possível mudar a história do Rio de Janeiro".
Questionado sobre não ter reconhecido indícios de que Edmar estaria envolvido nas fraudes, Witzel disse que sua avaliação sobre o médico não indicou "sinais de desvios éticos".
"O Edmar era diretor do Hospital Pedro Ernesto, era próximo dos deputados e um profissional referendado pela academia, professor, doutor. O hospital Pedro Ernesto demonstrava uma administração impecável. A minha análise com as pessoas que estavam ao meu lado mostrou que ele não tinha sinais estranhos de riqueza. Morava em um apartamento compatível com a renda dele, então não tinha sinais de que ele tinha desvio ético. Todos nós só soubemos que ele tinha R$ 8 milhões no colchão depois que ele entregou o dinheiro", completou.
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