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Não acredito em conspiração, diz Barroso sobre condenações de Lula

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Ana Paula Bimbati, Andréia Martins e Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

07/04/2021 13h07

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso afirmou, durante o UOL Entrevista de hoje, não conhecer o teor dos processos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nem os argumentos de sua defesa, mas disse não acreditar em conspirações.

Afirmou que o que pode ter acontecido foram, no máximo, erros judiciais. A entrevista foi conduzida pela colunista do UOL Carolína Brígido.

Não formo opinião sobre casos que não passaram por mim. Eu só não acredito em conspiração, em erros judiciários, acredito, já vi muitos. Em conspiração, eu não acredito.
Luís Roberto Barroso, ministro do STF

O magistrado disse também não crer que todas as esferas judiciais estavam em conluio contra uma pessoa. "Eu sinceramente não acredito nisso, até porque conheço muitos desses personagens e acho que são pessoas corretas. Agora, se as provas foram bem analisadas e o direito bem aplicado ou não, não estou numa posição para dizer, porque não atuei nestes casos."

"O TSE, como todas as instituições de uma democracia, deve cumprir as leis e instituições judiciais. Se todas as decisões vierem a ser anuladas, é o que deve ser feito."

"A lógica de um juiz não é preferência, é certo ou errado, justo ou injusto, legítimo ou ilegítimo", acrescentou o ministro do STF. Ele complementou, ainda, que "o direito vale para todo mundo e deve ser aplicado de maneira justa e imparcial".

Retrocesso contra corrupção

O ministro do STF avaliou que o Brasil "avançou dez casas no combate a corrupção, mas voltou quatro casas, talvez cinco": "Acho que tivemos muitos avanços, e colocaria nesses avanços as decisões do próprio Supremo no mensalão e depois decisões e a condução da Operação Lava Jato", afirmou.

"Acho que nos últimos tempos tivemos retrocessos importantes, infelizmente, e respeitando, sobretudo, no que diz respeito às decisões do Supremo as posições dos meus colegas que pensam diferente de mim. Acho que havíamos avançado dez casas no combate à corrupção, mas voltamos quatro casas, talvez cinco", acrescentou o ministro.

Barroso afirmou que o Brasil, embora "polarizado, tem um consenso, de empurrar a corrupção para baixo do tapete". Apesar dos retrocessos citados por ele, o ministro acha que "temos hoje uma sociedade que deixou de aceitar o inaceitável".

Elogio às Forças Armadas

Também defendeu que as Forças Armadas apresentaram uma defesa democrática no Brasil. Ele afirmou não acreditar que os comandantes das três Forças deixem de atuar no campo democrático,, apesar de atritos com o governo federal e troca de comandantes na semana passada.

"Sou da geração que conviveu com o regime militar, fui um opositor ao regime militar, portanto, o elogio que vou fazer é verdadeiro e tem credibilidade: Nesses 32 anos de democracia no Brasil, se tem um lugar de onde não veio notícia ruim no país, foi das Forças Armadas", afirmou.

Eu sinceramente não acredito nisso, até porque conheço muitos desses personagens e acho que são pessoas corretas. Agora, se as provas foram bem analisadas e o direito bem aplicado ou não, não estou numa posição para dizer porque não atuei nestes casos.

"Horror do que dá certo"

Barroso afirmou que o "sistema de apuração eleitoral" é uma das coisas que "dá certo no Brasil" e que o movimento que existe contra urnas eletrônicas, por exemplo é de "gente com horror de coisa que dá certo. E se tem uma coisa que dá certo no Brasil é o nosso sistema de apuração eleitoral".

Ele argumentou que, desde 1998, o sistema nunca teve documentado um caso de fraude. Barroso complementou que o sistema eleitoral brasileiro é "auditável do primeiro ao último passo" e que está elaborando uma campanha de transparência para mostrar cada passo do sistema e de como ele é auditável.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), com frequência, questiona a confiabilidade do voto eletrônico. Ele já afirmou diversas vezes, sem provas, que há fraudes no sistema eletrônico de votação no Brasil.