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Omar Aziz: CPI da Covid não vai se vingar de ninguém, é para apurar fatos

Allan Brito, Andreia Martins e Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

20/04/2021 11h20Atualizada em 23/04/2021 14h22

O senador Omar Aziz (PSD-AM), cotado para ser o presidente da CPI da Covid, disse que a comissão não foi criada "para se vingar" de ninguém, e sim para "fazer justiça".

"A CPI não é para se vingar. A CPI é para fazer justiça. O Brasil detém 2,5% da população mundial, mas o número de óbitos é em torno de 26%. Alguma coisa está errada. Negacionismo foi um dos principais fatores para ter esse número de óbitos. Não sou eu que vou prejulgar ninguém. A CPI vai apurar os fatos e chegar a conclusões", afirmou Aziz durante o UOL Entrevista, conduzido pelo colunista Tales Faria e pelo repórter Hannrikson de Andrade.

A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid, que vai investigar ações e eventuais omissões do governo federal em meio à pandemia, além de fiscalizar recursos da União repassados a estados e municípios, começa no próximo dia 27 de abril e será realizada de forma semipresencial, com a possibilidade de participação dos senadores tanto pessoalmente quanto virtualmente.

Que houve erros todo mundo sabe.
Omar Aziz, senador pelo PSD-AM

Guedes pode ser ouvido

De acordo com o senador, a CPI poderá ouvir o ministro da Economia, Paulo Guedes. "Acho que temos que saber o orçamento que foi feito, se não tem recurso para este ano", disse, em referência a texto publicado hoje pelo UOL que indica que o governo não reservou verba para combater a pandemia em 2021.

"Como não vamos chamar o ministro da Economia para saber por que não preparou o Brasil para compra de vacinas e recursos para estados?"

Ritmo da vacinação e Araújo

Aziz declarou ainda que, para ele, "o governo não se preparou, acreditando que não teríamos covid na sociedade", e questionou a vacinação lenta.

"A China é um dos nossos maiores parceiros comerciais. Como é que o Brasil, tendo essa relação comercial, não garantiu compra necessária de vacinas para todos os brasileiros? Como a Pfizer não chegou a acordo para compra de 70 milhões de vacinas? Isso a CPI vai apurar", disse. "Estamos vacinando de forma lenta, enquanto EUA vacina quase 4 milhões de pessoas por dia. É uma diferença grande."

Ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo também deverá estar na mira da CPI. "Quero saber quais foram ações deles, a iniciativa daquele cidadão para comprar vacina", disse Aziz.

Araújo ainda poderá ser questionado pela viagem a Israel no mês passado. "Creio que senadores vão propor essa investigação. Se você usa recurso público para fazer viagem e essa viagem é de trabalho, tem que fazer relatório. Por que foi feita essa viagem? O ministro, na época, ainda foi advertido por estar sem máscara em Israel."

O Brasil cometeu erros acima de erros. Não posso prejulgar as pessoas. Não estou aqui para vingar. É para fazer justiça porque quase 380 mil pessoas perderam a vida.
Omar Aziz, senador pelo PSD-AM

Para o parlamentar, o avanço da pandemia no país só irá parar quando se garantirem vacinas suficientes para a população. "A pandemia não vai passar amanhã. Não vai passar enquanto não imunizar a população para que ela não chegue a agravar a doença."

Aziz evita culpar o governo federal. "Estaria sendo irresponsável neste momento em que a CPI nem foi instalada. Que houve erros, todos sabemos. A provocação para que economia andasse foi muito prejudicial para o tratamento e para quantidade de pessoas infectadas pelo coronavírus."

CPI em foco

O senador acredita que esta CPI será acompanhada com atenção pelos brasileiros, diferentemente do que aconteceu em outras ocasiões. "Essa [CPI] está dentro da nossa casa. Não tem um de nós no Brasil que possa dizer que não perdeu alguém querido ou amigo, familiar ou vizinho", disse, lembrando que perdeu um irmão, que morreu no início do ano em decorrência da covid-19.

No momento em que o Brasil está com aproximadamente 375 mil mortes por causa do novo coronavírus, Aziz diz que "não tem como um senador querer fazer aquilo [CPI] de palanque político e não ser crucificado no mesmo momento". "Não tem uma família enlutada que vai permitir que se tire proveito político."

Aziz reafirmou que a CPI deverá ficar restrita a fatos, evitando a politização do tema. "Vamos nos ater aos fatos. O relatório irá apontar o que falhamos, o que deixamos de fazer. Enquanto estamos conversando, tem gente morrendo de covid. Queremos saber do [ministro da Saúde, Marcelo] Queiroga o que ele vai fazer."