Sara Winter é condenada a pagar R$ 10 mil de indenização a antropóloga
A ativista conservadora Sara Fernanda Giromini, também conhecida como Sara Winter, foi condenada a pagar indenização de R$ 10 mil a antropóloga e professora Debora Diniz, por danos morais causados em "postagens ofensivas e conteúdo danoso à imagem da vítima", nas redes sociais. A decisão foi proferida pelo juiz substituto Arthur Lachter, da 19ª Vara Cível de Brasília. Cabe recurso.
Segundo consta nos autos, Sara Winter divulgou em suas redes sociais vídeos que atribuem à antropóloga a prática de incentivo à tortura, por ter defendido que uma criança de 10 anos tivesse a gravidez resultante de estupro legalmente interrompida. Em outro episódio, ela teria lhe atribuído o título de "maior abortista brasileira".
Na sentença, o juiz registrou: "Do mesmo jeito que a autora tem o direito de manifestar sua concordância com o aborto, a ré tem o direito de manifestar seu dissenso. Porém, foi além. Ofendeu a autora, a qualificando como defensora da prática de tortura num canal de youtube com milhares de telespectadores, o que viola não só a honra subjetiva como a própria honra objetiva da requerente."
Ao UOL, a advogada Ana Flávia Silva Pereira Karaja —que representa a defesa de Sara Winter— disse que estuda a possibilidade de recorrer da decisão, mas avisou que não tem nada a declarar.
Contas em redes sociais bloqueadas
Apoiadora do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e tida como principal porta-voz do grupo bolsonarista autodenominado "300 do Brasil", Winter foi presa em junho do ano passado durante um inquérito que investigava atos antidemocráticos. Ela foi acusada de violar a Lei de Segurança Nacional. Na ocasião, a PGR (Procuradoria-Geral da República) defendeu que ela seguia "organizando e captando recursos financeiros" para ações ilegais contra os chefes dos Poderes da República, em referência ao STF (Supremo Tribunal Federal) e ao Congresso.
Sara Winter acabou solta dias depois, quando passou a usar tornozeleira eletrônica, mas teve suas contas no Twitter, Facebook e YouTube bloqueadas temporariamente.
Em outubro, a ativista voltou às redes sociais e fez um desabafo dizendo que não reconhecia mais o presidente Jair Bolsonaro. "Não sei mais quem ele [Bolsonaro] é. O homem que eu decidi entregar meu destino e vida para proteger um legado conservador", disse ela, na ocasião, se queixando da falta de apoio.
Em uma sequência de vídeos postados no Instagram, Sara foi adiante em seu desabafo. "Eu vou ter que levantar e resolver os meus problemas. E não tem Bolsonaro para ajudar e não tem Damares [ministra da Mulher, da Família e dos Diretos Humanos] para ajudar", declarou.
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