Fala de Bolsonaro contra a China impacta liberação de insumos, diz Doria
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse que as sucessivas falas negativas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e do ministro da Economia, Paulo Guedes, contra a China pode implicar na produção de vacinas contra covid-19 no Brasil.
Em uma rede social, Doria classificou as manifestações com "desastrosas".
Ontem, durante um discurso no Planalto, Bolsonaro voltou a atacar os chineses, insinuando que o coronavírus pode ter sido criado de maneira proposital no país.
É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou nasceu por algum ser humano ingerir um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem o que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que estamos enfrentando uma nova guerra? Qual país que mais cresceu seu PIB? Não vou dizer para vocês", acusou.
Apesar da pandemia, a economia da China cresceu 2,3% no ano passado— o menor índice registrado em quatro décadas. Entre as grandes economias globais, a nação asiática foi a que apresentou alta no produto interno bruto.
As duas únicas vacinas fabricadas em solo brasileiro, Oxford/AstraZeneca e CoronaVac, dependem do insumo farmacêutico ativo vindo da China para ficarem prontas. Hoje, o Instituto Butantan anunciou a suspensão do envase da CoronaVac porque não há IFA. Com isso, as entregas ao Plano Nacional de Imunização podem sofrer atrasos. Essa é a segunda vez que os trabalhos são paralisados em razão da falta de material. A primeira foi em abril.
No fim do mês passado, o ministro Paulo Guedes disse em uma reunião do Conselho de Saúde, sem saber que estava sendo gravado, que a covid foi "inventada" na China e que o imunizante fabricado por eles é "menos eficiente" do que os desenvolvidos nos Estados Unidos. Horas depois, Guedes pediu desculpas pela fala e afirmou ter usado uma "imagem infeliz".
Para o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, as declarações de Bolsonaro tem como objetivo "tirar o foco" da falta de gestão dele na pandemia e da CPI da Covid. Já o presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, deputado federal Fausto Pinato (PP-SP), disse que o presidente da República tem uma "grave doença mental que o faz confundir realidade com ficção".
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