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Bolsonaro atira na China, nas vacinas e em Doria. Será coisa de doido?
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Não. Por enquanto, não consigo aderir à tese do deputado Fausto Pinato (PP-SP) de que o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), enlouqueceu. Pinato é presidente da Frente Parlamentar Brasil-China. Chegou a essa conclusão depois que o presidente insinuou, nesta quarta-feira (5), que a pandemia pode ser resultado de uma "guerra química" urdida pela China.
Vamos primeiro colocar as coisas no seu devido lugar. Se o vírus, como disse o presidente, pode ter sido preparado em laboratório, não seria uma guerra química, mas biológica.
Fora isso, tem a crise sanitária e econômica por que passa o Brasil. É isso que fez o deputado se insurgir. Como presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, Pinato é hoje o congressista que mantém maior contato com diplomatas e empresários chineses.
Ele sabe o tanto que nossos amigos do Oriente já estavam irritados com o filho do presidente e também deputado federal, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), e com Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores até recentemente, que não se cansavam de falar mal da China.
Mas o Brasil passou a necessitar, e muito, de vacinas. O filho de Bolsonaro silenciou os ataques. Ernesto Araújo bateu de frente com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e acabou demitido. Tudo isso vinha acalmando os chineses. Só que, agora, o próprio presidente resolveu abrir fogo.
O presidente da Frente Brasil-China também presidiu a Comissão de Agricultura da Câmara. Ele alerta que a atitude de Bolsonaro terá reflexos sobre o agronegócio brasileiro, que a China está se voltando para a África e que já credenciou 31 frigoríficos nos Estados Unidos. E diz também temer pela CoronaVac, hoje a vacina mais usada no Brasil.
Aí é que eu fico com uma pulga atrás da orelha. A CoronaVac é a vacina que o governador de São Paulo, João Doria, começou a produzir no Butantan, contra a vontade do Bolsonaro.
Se a China insistir em atrasar o envio da matéria-prima a vacina, como já tem atrasado, o país inteiro terá problemas. E Bolsonaro poderá voltar a chamar o imunizante de "vacina do Doria", como chegou fazer no início da produção.
E se tivermos problemas mesmo com a vacina, só nos restará torcer pela imunidade de rebanho.
Imunidade de rebanho? Essa não é uma das hipóteses de trabalho de alguns membros da CPI da Covid, segundo a qual o presidente quer mesmo o vírus solto, não importa se morram 400 mil ou 500 mil brasileiros?
Não. Não acredito. Aí sim, ele estaria louco.
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