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CPI pedirá dados do WhatsApp sobre desinformação na pandemia, diz Renan

CPI quer dados do inquérito das fake news no STF, explicou senador -  FREDERICO BRASIL/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
CPI quer dados do inquérito das fake news no STF, explicou senador Imagem: FREDERICO BRASIL/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Eduardo Militão

Do UOL, em Brasília

08/05/2021 11h49Atualizada em 08/05/2021 12h42

A CPI da Covid vai pedir ao WhatsApp que forneça informações sobre desinformação na pandemia de coronavírus e dados sobre contas banidas pelo aplicativo. A informação foi dada pelo relator da comissão de inquérito, senador Renan Calheiros (MDB-AL), em entrevista ao UOL na manhã de hoje. "Ainda não, mas vamos pedir", afirmou o senador.

A iniciativa se junta a uma série de outras para apurar se houve uma atuação coordenada por empresários, e até por parte do governo, de disseminação de desinformação durante a pandemia de coronavírus.

Renan justificou o pedido que será feito ao WhatsApp com a situação que ele enfrentou com as redes sociais. "Só eu já excluí, em episódios diferentes, quase 30 mil perfis falsos e robôs", disse Renan.

O caminho anunciado por Renan é semelhante ao que foi iniciado pela CPI das Fake News no Congresso. A outra comissão de inquérito obteve dados de contas banidas pelo aplicativo do Facebook por violarem as regras de uso durante as eleições de 2018, como disparos em massa de mensagens.

Ao analisar os dados obtidos por aquela CPI, o UOL revelou que a maioria das 24 contas de WhatsApp que mais disparavam mensagens estavam registradas com telefones celulares com chips do exterior, mas todos os endereços de internet (IP) mostravam que eles eram operados no Brasil. A CPI das Fake News está suspensa por causa da pandemia de coronavírus.

Renan disse à reportagem que a CPI da Covid já pediu todos os dados da outra comissão que tenham a ver com a desinformação durante a pandemia. "Vamos investigar em tantas direções possíveis que sejam necessárias. Precisamos de tempo para isso." O senador disse que o pedido foi feito ao presidente da outra comissão, senador Ângelo Coronel (PSD-BA), e à relatora, deputada Lídice da Mata, sobre qualquer resultado de investigação "que tem eventual conexão com fato determinado".

O Whatsapp não possui o conteúdo das mensagens das pessoas, mas a relação de contas banidas é um indicador importante de quem conseguiu ser "expulso" do aplicativo em determinado período. Com os dados de IPs fornecidos pela empresa de contas banidas de em mãos, é possível localizar os endereços físicos das pessoas. Isso permitiria tanto chamá-las a prestar depoimentos quanto obter dados bancários delas, explicaram investigadores ouvidos pelo UOL sobre o tema.

CPI quer dados do inquérito das fake news no STF

Renan afirmou que a CPI da Covid deve se reunir com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para pedir a ele cópia das investigações do chamado inquérito das "fake news". Eles estão aguardando o retorno do ministro a Brasília para marcar essa conversa pessoalmente.

O inquérito possui, por exemplo, quebras de sigilo bancário de empresários que, na Polícia Federal, são investigados por supostamente financiar disparos de mensagens em massa desde 2018. Um deles é o dono das lojas Havan, Luciano Hang, aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Renan disse que não é verdade que o objetivo da CPI da Covid seja desgastar o presidente da República ou investigar pessoas e instituições. Ele garante que a apuração se dará sobre fatos concretos. "A narrativa governista é que queremos desgastar mais o presidente e sua família, que eu sou imparcial porque não vou investigar o governador de Alagoas..."

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.