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Josias: Bolsonaro iguala polícia a milícia ao elogiar ação no Jacarezinho

Do UOL, em São Paulo

10/05/2021 08h50Atualizada em 10/05/2021 10h47

O colunista de política do UOL Josias de Souza criticou a postura do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que elogiou a operação policial no Jacarezinho que terminou com a morte de 28 pessoas na semana passada. Em participação no UOL News na manhã de hoje, Josias afirmou que Bolsonaro iguala a polícia a uma milícia ao aprovar as execuções.

Quando o presidente trata [a operação no Jacarezinho] como sucesso, ele se associa à barbárie policial, você iguala polícia a milícia. Não me parece a melhor coisa para que um Presidente da República faça. Não é o melhor exemplo que o presidente poderia dar ao país.
Josias de Souza, em participação no UOL News

Ontem, sem lamentar a morte de 27 civis, Bolsonaro parabenizou a Polícia Civil do Rio de Janeiro pela operação no Jacarezinho. O presidente fez menção apenas ao policial morto na ocasião em uma postagem nas redes sociais.

"Ao tratar como vítimas traficantes que roubam, matam e destroem famílias, a mídia e a esquerda os iguala ao cidadão comum, honesto, que respeita as leis e o próximo. É uma grave ofensa ao povo que há muito é refém da criminalidade. Parabéns à Polícia Civil do Rio de Janeiro", escreveu o presidente.

Josias classificou a operação como "desastrosa" e avalia que a aversão que ela provocou na sociedade decorre do fato de que polícia foi ao Jacarezinho para cumprir 21 mandados de prisão, mas prendeu só três pessoas, e terminou com 28 mortes.

"Sob qualquer ângulo que se analisa, essa operação foi um fracasso", declarou. "Todo mundo sabe que lugar de bandido é na cadeia, mas não há, no Brasil, pena de morte. E ainda que houvesse, a polícia teria de prender os bandidos, que seriam submetidos a um julgamento, e, aí sim, você mantém preso. Ninguém seria condenado à morte."

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.