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Conduta de Bolsonaro 'difere da minha', diz Barra Torres à CPI da Covid

Rayanne Albuquerque e Hanrrikson de Andrade*

Do UOL, em São Paulo

11/05/2021 12h45Atualizada em 11/05/2021 13h25

Em depoimento à CPI da Covid, o diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) Antonio Barra Torres, declarou que têm posicionamentos diferentes do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre o uso de máscaras para evitar a contaminação por covid-19.

O gestor da agência havia sido questionado sobre a participação em manifestações em favor do presidente, que ocorreram em Brasília, no início da pandemia, em que ambos apareceram sem máscara diante de uma aglomeração.

Destarte a amizade que tenho com o presidente, a conduta do presidente difere da minha neste sentido. As manifestações que eu faço tem sido todas com base no que diz a ciência
Antonio Barra Torres, presidente da Anvisa

Diante dos questionamentos sobre a ausência do uso de máscara na ocasião, Barra Torres declarou que, na altura, ainda não havia um consenso da OMS (Organização Mundial da Saúde) sobre a eficácia do uso de máscaras para evitar a transmissão do vírus.

Não havia no meio de março o consenso sobre o uso de máscara na população. O comércio estava aberto, naquele dia meu planejamento era fazer mercado e fazer almoço no restaurante. A própria OMS no dia 29 de janeiro havia colocado dúvida quanto a essa eficácia, foi evoluindo ao longo do tempo e hoje não tem dúvida sobre uso de máscara
Antonio Barra Torres, presidente da Anvisa

O presidente da Anvisa também alegou que durante uma live que participou com o presidente Bolsonaro, ele utilizou máscara, o que causou estranhamento aos demais presentes.

Manifestação com Bolsonaro no começo da pandemia

Em maio de 2020, após dois meses de participar de uma manifestação ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o diretor-presidente da Anvisa foi diagnosticado com a covid-19.

Barra Torres havia anunciado que testou positivo para a doença durante a participação em uma reunião virtual da comissão externa da Câmara dos Deputados, que tratava de ações contra a pandemia.

Em 15 de março de 2020, no início da pandemia no Brasil, o presidente Bolsonaro descumpriu as recomendações de isolamento social e, na companhia de Barra Torres, participou de um protesto em frente ao Palácio do Planalto.

Bolsonaro chegou a fazer selfies com o rosto colado e tocou a mão de apoiadores que estavam no local. Na transmissão do encontro pela internet, o gestor da Anvisa apareceu filmando os cumprimentos entre Bolsonaro e os eleitores.

Ao ser questionado por Calheiros sobre a recomendação do "tratamento precoce", amplamente defendido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e pelo Ministério da Saúde, Barra Torres alegou que procura se manter "completamente fora disso".

* Com a colaboração de Ana Carla Bermúdez

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.