Senador aliado de Bolsonaro propõe CPI para apurar 'orçamento secreto'
O senador Roberto Rocha (PSDB-MA), apoiador do presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido), apresentou um requerimento para criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar o uso de um suposto 'orçamento secreto' por parte do governo federal para conquistar apoio de parlamentares.
"Apresentei ontem, no Senado, requerimento propondo a criação da CPI do Orçamento Secreto. O intuito é apurar eventuais irregularidades na execução de recursos destinados ao Ministério do Desenvolvimento Regional e órgãos vinculados, durante o ano de 2020, sob a rubrica 'emenda do relator' (RP9)", escreveu Rocha em uma rede social.
O presidente negou que exista o chamado orçamento paralelo, como mostrou o UOL em uma reportagem em abril sobre a compra de 6.240 máquinas pesadas, como retroescavadeiras, para contemplar o Centrão, no valor de R$ 2,8 bilhões.
No último domingo, o assunto voltou à mídia em reportagem do jornal O Estado de S. Paulo. Segundo a matéria, o Executivo abriu um crédito de R$ 3 bilhões para que deputados e senadores aplicassem conforme sua vontade, acima do que a lei permite em emendas parlamentares. A maior parte do dinheiro, segundo o jornal, foi aplicada em máquinas agrícolas, a preços que chegam a superar o triplo dos valores de referência do governo.
Hoje pela manhã, Bolsonaro voltou a negar a existência de um 'orçamento paralelo', que já é alvo de pedido de investigação pelo Ministério Público ao TCU (Tribunal de Contas da União).
"Eu faço um churrasco aqui (no Palácio) e apanho. Agora inventaram que eu tenho um orçamento secreto agora. Eu tenho é um reservatório de leite condensado ali, três milhões de latas", ironizou Bolsonaro.
Curiosamente, o senador é um apoiador do governo Bolsonaro, ao contrário da sua legenda que, em nível nacional, não apoia a atual gestão. Nas redes sociais, o senador elogia com frequência o presidente e já foi citado por Bolsonaro em uma de suas lives — que o chamou de "pessoa maravilhosa" — em 2019.
O senador é hoje um dos nomes cotados para disputar o governo do Maranhão em 2022 em oposição ao atual governador, Flávio Dino (PCdoB), que se tornou um desafeto de Bolsonaro devido às intensas críticas sobre a gestão do governo federal na pandemia.
Ao contrário de Dino, que criticou o passeio de moto do presidente no último domingo, Rocha saiu em defesa de Bolsonaro. "E ainda tem gente que insiste em dizer que o presidente Jair Bolsonaro tem uma margem pequena nas pesquisas! Parabéns aos motociclistas e caronas do vento!", escreveu ele.
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