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Senador governista chama Renan de 'justiceiro' e teme por Pazuello na CPI

Marcos Rogério é um dos governistas na CPI da Covid - Pedro Ladeira/Folhapress
Marcos Rogério é um dos governistas na CPI da Covid Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Colaboração para UOL

12/05/2021 21h21

Após mais um dia de ânimos aflorados na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid, o senador Marcos Rogério (DEM-RO), que compõe a tropa de choque do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), afirmou em entrevista à CNN que o senador-relator Renan Calheiros (MDB-AL) se comporta como um "justiceiro" na Comissão.

"A gente vê no Renan o justiceiro, o homem que quer vingar as 425 mil mortes. Ele colocou até uma plaquinha, atacando o governo, atacando o presidente. Estamos precisando de quem ataque e vença o vírus, que aprofunde a investigação. Não essa briga", afirmou Marcos Rogério.

O senador do Democratas também criticou a postura de Renan como relator durante o depoimento do ex-secretário de Comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten. Segundo Rogério, o clima "hostil" foi sentido durante todo o dia.

"O depoimento foi marcado por muitas investidas do relator contra o depoente. Houve uma tentativa de enquadrá-lo para trazer ao depoimento afirmações que queria o relator. Se justas ou injusta, é um critério dele, é um método de inriquição muito duro. Às vezes passa do ponto. A função do parlamentar investigador é questionar, não pode constranger ou ameaçar o depoente", criticou.

Bate-boca entre Calheiro e Flavio Bolsonaro

A sessão da CPI da Covid que ouviu hoje o ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten precisou ser suspensa após uma troca de ofensas entre os senadores Renan Calheiros e Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).

Após o relator defender diversas vezes que Wajngarten deveria ser preso, o filho mais velho do presidente Bolsonaro, que não faz parte da CPI, pediu a palavra e chamou Calheiros de "vagabundo". "Imagina a situação: um cidadão honesto ser preso por um vagabundo como Renan Calheiros. Olha a desmoralização", disse. Após as ofensas, o parlamentar alagoano rebateu Flávio e relembrou o caso de "rachadinha" que o senador é acusado. "Vagabundo é você, que roubou dinheiro de pessoal no seu gabinete", afirmou.

Medo por Pazuello

Marcos Rogério ainda demonstrou preocupação com o depoimento do ex-ministro da Saúde, o general da ativa Eduardo Pazuello, marcado para o próximo dia 19 de maio. O parlamentar defendeu que Pazuello busque no Judiciário um "habeas corpus", caso acredite que sua liberdade esteja em jogo na CPI.

"A par de tudo que vi hoje, e do que vi acontecendo com o ministro Queiroga na semana passada, vou dizer uma coisa, pela frente vem o depoimento do general Pazuello, ou estão agindo antecipando ameaças, fazendo enquadramento sem garantir a ele a liberdade do depoimento, a todo tempo com a faca no pescoço, com todo respeito, nesse momento, caiba ao ex-ministro Pazuelllo recorrer ao Judiciário e buscar a tutela do habeas corpus para vir a essa CPI. Me parece que há um circo armado com relação aos depoimentos. Hoje foi uma ameaça permanentemente. O que nós tivemos hoje foi algo muito ruim pelo andamento da CPI. Depoente nenhum merece ser tratados como os que vieram aqui", aconselhou.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.