Josias: Governo apanha outra semana na CPI com depoimentos de ex-ministros
Com depoimentos do ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, e do ex-ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, o governo federal "vai apanhar pela 3ª semana seguinte" na CPI da Covid, diz o colunista de política do UOL Josias de Souza.
"Nas últimas duas semanas, todos os depoimentos da CPI resultaram em desastres para o governo, mesmo depoimentos que tentaram protegê-lo", afirmou ele ao UOL News. "O governo [do presidente Jair] Bolsonaro vai apanhar na CPI indefeso. Há um pequeno pelotão tentando defender o presidente, mas não tem conseguido porque os fatos se impõem".
O mais curiosa é que Bolsonaro tem se transformado em coadjuvante de um espetáculo que é estrelado por protagonistas que ele próprio selecionou".
Josias de Souza sobre CPI da Covid
Segundo o colunista, o principal depoimento dessa semana será de Eduardo Pazuello, que conseguiu no STF (Supremo Tribunal Federal) o direito de permanecer em silêncio, isto é, de não responder a perguntas que possam, de alguma forma, incriminá-lo. O ex-ministro está proibido, porém, de mentir sobre todos os demais questionamentos.
"A chance do governo se sair bem nesses dois depoimentos [Pazuello e Ernesto] é nula. Pior é que estão sob a mesa um lote de [pedidos] para a quebras de sigilo que vão desde Carlos Bolsonaro até Fabio Wajngarten e inclui Felipe Martins, assessor internacional de Bolsonaro, Élcio Franco, número dois da Saúde, e Marquinhos Show, marketeiro que trabalhava assessorando Pazuello na Saúde".
Para Josias, dos personagens, Carlos Bolsonaro é o mais "encrespado". "Se a CPI avança contra ele, o presidente sai do sério. O que se pretende contra Carlos é a quebra de sigilo telefônico e telemático, que inclui mensagens de e-mail e WhatsApp. A quebra de sigilo pode ser muito complicada para a família Bolsonaro".
Ernesto Araújo deve ser duramente questionado e criticado por senadores na CPI. Ele não conta com a simpatia nem dos governistas, mas não deve ser exageradamente alvejado por estes para que a ação não respingue no Planalto.
Ao longo da pandemia, Ernesto fez críticas à China enquanto o Brasil dependia de um bom relacionamento com o país asiático para a chegada de insumos e vacinas. Na avaliação de grande parte dos senadores, Ernesto não acionou o Itamaraty como deveria para pedir ajuda a outros países. A diplomacia sob sua gestão, como um todo, foi severamente contestada, até dentro do ministério.
Reportagem da Folha de S.Paulo mostrou que, mesmo após alertas sobre a cloroquina, Ernesto mobilizou o Itamaraty para garantir o fornecimento do medicamento ao Brasil. Outro fato criticado por políticos foi a viagem de Ernesto e comitiva a Israel para conhecer detalhes de uma vacina em teste e de spray nasal contra a covid-19. A visita foi estimada em ao menos R$ 400 mil, como revelou o UOL, e não resultou em nenhum acordo.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.