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Ernesto diz que falou a verdade sobre acusação a Kátia Abreu em caso de 5G

Do UOL, em São Paulo

18/05/2021 16h24

O ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo disse hoje durante seu depoimento da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid que "falou a verdade" sobre a acusação que fez anteriormente à senadora Kátia Abreu (PP-TO) a respeito do caso do 5G. "Eu jamais vou me arrepender de dizer a verdade", afirmou.

Ernesto respondeu a uma pergunta do senador Ângelo Coronel (PSD-BA), que questionou se o ex-ministro não pediria desculpas a Kátia Abreu.

"O senhor foi muito maldoso e leviano com a nossa colega senadora Kátia Abreu ao insinuar que ela teria algum interesse menos republicano ao suscitar a questão do 5G e a China", afirmou Coronel. "Embora ela e todo o Senado já lhe tenham respondido à altura de seu desaforo, eu lhe pergunto: o senhor não desejaria aproveitar seu depoimento para pedir desculpas à senadora e se retratar, talvez, por aquelas palavras com que o senhor a acusou injustamente, levianamente?", completou.

Vou, Senador... Bem, na referência que eu fiz a determinado comportamento da senadora Kátia Abreu, eu simplesmente disse a verdade, eu simplesmente relatei um fato. Então, eu jamais vou me arrepender de dizer a verdade", respondeu Ernesto.

O assunto voltou à tona cerca de uma hora depois, quando a senadora Simone Tebet (MDB-MS) citou a pergunta e a resposta de Ernesto Araújo e perguntou se o ex-ministro não se arrependia de dizer mentiras sob juramento.

Tebet disse que falava em nome da bancada feminina quando defendeu a colega parlamentar e pediu que Ernesto Araújo apresentasse provas da acusação que fazia a Kátia Abreu. O questionamento causou confusão na comissão.

Antes da resposta do ex-ministro, outros senadores se manifestaram sobre o tema. O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), alegou que Kátia Abreu já tinha falado na sessão e não tinha mencionado o assunto. No entanto, Tebet insistiu que a fala de Ernesto sobre ela havia acontecido depois da participação de Kátia Abreu e foi então autorizada por Aziz.

Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) afirmou que o assunto não era pertinente e que se Kátia Abreu tivesse se sentido ofendida ela poderia tomar medidas legais. "O que 5G tem a ver com covid?", completou o filho do presidente.

Por fim, o ex-chanceler afirmou que o assunto já havia sido judicializado e que ele se manifestaria em juízo. Simone Tebet finalizou argumentando que não poderia ficar calada diante desta situação porque "qualquer pessoa que ofender um senador ou uma senadora, ou acusá-la justa ou injustamente, está acusando injustamente uma representante do povo".

Kátia Abreu e Ernesto Araújo tiveram embate na CPI

Mais cedo, durante a participação de Kátia Abreu na CPI, ela e Ernesto Araújo tiveram um embate. A senadora criticou sua atuação no ministério e afirmou que ele foi uma "bússola" que direcionou o país para o "caos". A senadora afirmou ainda que diplomatas e representantes de outros governos ficaram aliviados quando Araújo deixou o Itamaraty.

O senhor é um negacionista compulsivo, omisso. O senhor no MRE [Ministério das Relações Exteriores] foi uma bússola que nos direcionou para o caos, para um iceberg, para um naufrágio, bússola que nos levou para o naufrágio da política internacional, da política externa brasileira. Foi isso o que o senhor fez".

Entenda o caso

Em 28 de março, poucos dias antes de deixar o ministério, Ernesto Araújo alfinetou Kátia Abreu em uma publicação no Twitter. O então ministro escreveu que no início daquele mês os dois teriam se reunido e Kátia Abreu teria dito que se ele "fizesse um gesto em relação ao 5G, seria o rei do Senado".

O post de Araújo causou revolta entre os senadores, porque sua afirmação sugere que a senadora poderia ter praticado crime de tráfico de influência no caso do leilão do 5G. Na ocasião, Kátia Abreu confirmou a conversa com Ernesto, mas disse que "é uma violência resumir três horas de um encontro institucional a um tuíte que falta com a verdade".

Posteriormente, ela também afirmou que ele estava desesperado e o chamou de incompetente repetidas vezes. "Só posso imaginar desespero desse cidadão, que ainda se chama de chanceler, por sua possível saída do posto [de ministro] por falta de competência", disse em entrevista à GloboNews.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.